As Congregações Marianas tiveram início em 1563, quando o padre jesuíta Jean Leunis formou um grupo, entre os alunos do Colégio Romano (Roma), cujos membros se distinguiam por uma vida cristã e mariana fervorosa e pela prática de diversas formas de apostolado. Enquanto as Congregações Marianas se espalhavam pelo mundo, principalmente nos colégios da Companhia de Jesus, a Congregação Mariana do Colégio Romano foi qualificada canonicamente, em 1584, com o título de “Prima Primaria” (a primeira). A ela passaram a ser agregadas até 1967, as diversas Congregações de todas as partes do mundo, as quais podiam participar dos mesmos benefícios espirituais que lhe haviam sido concedidos pela Sé Apostólica. Mesmo após a supressão da Companhia de Jesus em todo o mundo, as Congregações Marianas continuaram a existir. Em sua longa história, as Congregações Marianas deram à Igreja, pelo menos 62 santos canonizados e 46 beatos, 22 fundadores de institutos religiosos, mártires, missionários e leigos de vida cristã exemplar. De 1567 até agora, entre os 31 Papas que ocuparam a Cátedra de São Pedro, 24 são congregados marianos, incluindo o Papa João Paulo II, que foi membro-fundador de uma Congregação Mariana em sua cidade natal, e o Papa Emérito Bento XVI, congregado mariano há mais de 70 anos.
No Brasil, as Congregações Marianas surgiram no período colonial, nos colégios da Companhia de Jesus, e praticamente desapareceram com a expulsão dos jesuítas, em 1759. Em 1870, foi fundada novamente uma Congregação Mariana, agregada à Prima Primária, em Itu (SP), e logo os congregados se espalharam por todo o país. A primeira Federação Estadual surgiu em São Paulo, em 1927. A Confederação Nacional, com sede no Rio de Janeiro, foi criada em 1937. (Fonte: www..jesuitasbrasil.com)
A Congregação Mariana de Porangaba foi fundada em 08/05/1935 e os seus primeiros membros foram: Ignácio Bassoi (presidente), Acácio Domingues, Aldo Angelini, Ernesto Pedroso de Oliveira, Henrique Rossi, Mário Antônio Nogueira, Mário Machado e Ovídio Machado. O vigário na época era o padre Horácio Lembro. Outros participantes: Humberto Machado, Paulo Machado, José Antônio Cardoso, Hermógenes Ares, João Marinoni Machado, Erasmo Pedroso de Oliveira, Alípio de Oliveira Pinto, Francisco Nunes Diniz, João de Oliveira, Ildefonso Palmeira e Mário Cardoso.
” Os congregados eram uma das mais fortes associações masculinas dentro da Igreja Católica. Todo homem de bem devia ser congregado e meu pai era um. Nunca soube realmente o que faziam a não ser cantar grosso nas procissões e em determinadas cerimônias. Parecia-me que todos os marianos tinham voz de baixo, era impressionante. Uma das canções sacras dizia: eia sus! Era um brado que reboava. Até hoje me pergunto o que seria eia sus. Mistérios que permanecem.” (Fonte: Ignácio de Loyola Brandão, Caderno 2 Jornal O Estado de São Paulo, 03.01.2003).
Eia SUS, expressão latina que significa: avante. Durante muitos anos, a Congregação Mariana São Luiz Gonzaga, assim nomeada depois, atuou na comunidade prestando os mais variados serviços assistências e sociais à população carente. Seus membros chegaram, muitas vezes, a atuar como voluntários em programas sociais, oficiais ou particulares, mostrando o alto espírito de colaboração desse grupo de jovens católicos, imbuídos dos elevados preceitos de solidariedade cristã. Posteriormente, com o objetivo de ajudar a Paróquia, com o apoio do prefeito Mario Antônio Nogueira e do vigário Antônio Dragone, principalmente, construíram o prédio do salão paroquial na praça da matriz. Desenvolveram ali grande trabalho e buscaram por meio de campanhas e pedidos pessoais, angariar os recursos financeiros necessários para a aquisição do terreno e à edificação. Preenchida essa lacuna, uma vez que não existia na cidade um espaço adequado para festas e outros eventos, o “Salão Paroquial”, funcionou, inicialmente, como unidade suporte para festas, bailes, casamentos, um centro de entretenimento à juventude local, funcionando também ali Grêmio Estudantil, o serviço de auto-falantes a “Voz Mariana”. Prioritariamente, o salão era ocupado para as atividades da paróquias, sacras e profanas, da Igreja Católica local. Desenvolveram, na verdade, um grande trabalho para alcançar o objetivo estabelecido e alguns “marianos” chegaram até a trabalhar na própria construção, pondo a mão na massa, pela escassez e alto custo da mão de obra. Foi, portanto, significativa a participação dos próprios “congregados”, dentre os quais destacamos: Domingos Diniz Vaz, Domingos Antão Machado, Vitorino de Arruda, Chiquinho Pedreiro, Miguel Cubas de Oliveira e outros. Contam que até o padre Dragone, sem tirar a batina, foi um obreiro atuante. O imóvel, por muitos anos, depois de servir a população local para festas e outros entretenimentos, foi transferido para o patrimônio da Igreja Católica de Porangaba com a concordância dos dirigentes da associação.
Atualmente, a Congregação Mariana de Porangaba encontra-se inativa e a inesperada interrupção deveu-se à morte do ex-prefeito Domingos Diniz Vaz ( Minguinho), ocorrida a muitos anos em 23/02/1998. Pessoa exemplar e de elevado caráter, prefeito de Porangaba por 2 (dois) mandatos também exerceu a vereança. Comandou a Congregação Mariana por muito tempo e pela sua pureza de alma e elevado espírito cristão, muito se preocupava com as causas sociais e nobres da comunidade, na sua costumeira atitude de sempre servir. Era o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porangaba. Seu desaparecimento não emudeceu a semente da solidariedade, da amizade e, principalmente, da humildade que eram os seus maiores atributos. Deixou respeitável família.
Foto: “Símbolo da Congregação Mariana”, arquivo digital, acervo pessoal.
Júlio Manoel Domingues
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