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8 de novembro de 2013 - A Guarda Nacional em Porangaba

Histórico: “Quando começou o período regencial, o Exército Nacional era uma instituição mal organizada e vista pelo governo com muita suspeita. Mesmo após a abdicação de D. Pedro I, o número de oficiais portugueses era significativo. A maior preocupação, porém, vinha da base do Exército, formada por gente mal paga, insatisfeita, e propensa a aliar-se ao povo nas rebeliões urbanas. Em agosto de 1831 foi criada a Guarda Nacional, em substituição às antigas milícias e ordenanças, ato que se baseou numa lei francesa do mesmo ano. A idéia era organizar um corpo de cidadãos confiáveis, capaz de evitar tantos os excessos do Governo como as ameaças das “classes perigosas”. Praticamente, sua função era manter a ordem no município onde fosse formada. Em casos especiais, foi chamada para enfrentar rebeliões fora do município e proteger as fronteiras do país, sob o comando do Exército. Faziam parte, obrigatoriamente, todos os cidadãos com direito a voto nas eleições primárias, que tivessem entre 21 e 60 anos. O alistamento obrigatório para a Guarda Nacional reduziu o interesse pelo Exército, pois, quem pertencesse à primeira, ficava dispensado de servir no segundo. Outra curiosidade era a eleição dos oficiais inferiores ser feita pelos integrantes da corporação, presidida pelo Juiz de Paz local, o que se deu até o ano de 1850, após o que, em virtude da realidade nacional  e  da  necessidade  de  se  estabelecer  uma hierarquia, alterou-se o princípio eletivo”. (Boris Fausto, História do Brasil).

 

 

A Guarda Nacional foi numerosa no município de Tatuí a partir de 1865 e o bairro da Bela Vista de Tatuí (Porangaba) teve diversos cidadãos qualificados e que faziam parte do Corpo de Reserva. A pesquisa permitiu identificar alguns oficiais e alferes (aspirante a oficial), na 3ª. Companhia do Sexto Batalhão de Infantaria, na 4ª. Companhia do Batalhão de Infantaria 143 e no 4º. Batalhão de Reserva. A curiosidade aumentou e passamos, então, a imaginar a possível participação dos “belavistenses”, incorporados ao Esquadrão de Cavalaria de Tatuí, no ano de 1893, na defesa da fronteira paulista. Existem registros sobre a participação daquela Unidade:

 

 

O historiador Hernâni Donato, na obra “Achegas para a História de Botucatu”, pág. 127: “Em 1893, revolucionários federalistas do Rio Grande do Sul intentaram marcha sobre o Rio de Janeiro, atravessando Santa Catarina e Paraná. O Governo Federal armou dispositivo de combate na divisa estadual paulista. Chamou para guarnecê-la, entre outras tropas, o Esquadrão de Cavalaria da G.N. de Botucatu, reunido aos de Sorocaba e Tatuí. O choque não ocorreu; os federalistas retornaram ao Sul”.

 

 

Complementando, o advogado  Laurindo Dias Minhoto, na sua obra “Tatuhy, Através da  História”,  pág. 170: “Por ocasião da revolução de 1893, Tatuí prestou ótimos serviços à República. Foi aqui o ponto de desembarque das tropas e munições, vindo estas, diretamente, do Rio de Janeiro, pela Central do Brasil que, então, era de bitola igual. Foi comandante da praça o dr. Carlos Garcia. Aqui se prepararam as conduções, para que tudo fosse sem perda de tempo, ao Itararé. Organizou-se um batalhão patriótico (Guarda Nacional) que não teve necessidade de prestar serviços”.Não houve o confronto, mas os Esquadrões estiveram de prontidão. Apresentamos a relação parcial dos componentes da Guarda Nacional da Comarca de Tatuí que viveram ou tiveram algum tipo de relacionamento com a Freguesia da Bela Vista de Tatuí, tendo como data base o ano de 1893 em diante:

 

 

Coronéis:  João  Guedes Pinto de Mello (Comandante Superior); Thomaz Guedes Pinto de Mello – proprietários da Fazenda São Martinho; Capitães: Francisco Vieira de Camargo, João Machado da Silva, Francisco da Silva Cardoso, Joaquim Carneiro da Silva Lobo, Joaquim Francisco de Miranda, Carlos Frederico dos Santos, Antônio da Silva Teixeira, Francisco de Moraes e Silva, João do Amaral Camargo, Crispim Francisco Paulino; João Offa  Zeferino Francisco Paulino, Francisco de Paula Vieira de Camargo, João Pedroso de Oliveira, Rodolpho Carneiro da Silva Braga, Domingos Carneiro da Silva Braga, Sizenando de Almeida Moraes, Eugênio Frederico dos Santos, Sebastião José da Fonseca; Major: Porfírio Vieira de Camargo; Tenentes: José do Amaral Camargo Sobrinho, João Paes da Silva, João Afonso Pereira, Antônio Paulino Telles, João Fellipe de Oliveira, Domingos Carneiro da Silva Braga Júnior, Pedro Domingues Nogueira. Alferes: João Samuel Strombeck,  Salvador do Amaral Camargo, João Florentino de Almeida, Benedito Novaes, Francisco do Amaral Sobrinho,  Osório Nunes da Silva, Clemêncio Soares de Almeida, Manoel da Silva Cardoso,  Firmino Olindino de Mello Palmeira, Silvino Barbosa Carneiro, José Sommerhauzer.

 

 

A Guarda Nacional foi abolida com a proclamação da República (1889); mesmo  extinta, os oficiais continuaram a merecer a distinção social do posto, enquanto viveram.  Por exemplo, o jornal “Cidade de Tatuhy”, ( A. Porto e A. Pereira), noticiou na edição de 05/08/1900 que “por decreto de 28 do mez próximo passado foram creadas duas brigadas de cavallaria e uma de infantaria nesta comarca”, o que comprova que sobreviveram por mais tempo. A última vez que se apresentou em público foi em 1911, no Rio de Janeiro, na parada do Dia de Independência.

 

Júlio Manoel Domingues

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