Até  1971, o ensino primário era  historicamente o primeiro estágio da educação escolar no Brasil. Com a sua conclusão, o aluno adquiria o direito de ingressar no curso ginasial. Depois o ensino primário fundiu-se  com os dois primeiros anos do ensino ginasial, dando origem ao ensino de 1º grau, com a duração de oitos anos. Na sequencia da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996, o ensino de 1º grau foi substiuído pelo ensino fundamental. O curso primário possibilitava aos alunos  conhecer  elementos  de ciências, geografia, história, matemática e outras ciências sociais.  O curso ainda  é realizado em classes seqüenciais e as crianças são normalmente integradas em turmas  a cargo de um único professor”.  (Fonte: Wikipédia )

Consultando exemplar antigo do jornal “O Progresso de Tatuí”, encontramos a notícia de formatura da 1ª. Turma do Grupo Escolar de Porangaba. Pela importância desse acontecimento, nos interessamos pelo texto e procuramos as possíveis relações.  São passados quase 80 anos e, inicialmente,  parecia ser uma notícia trivial, ligada ao cotidiano e à propria história da sociedade local,  mas entendemos em seguida  que o seu significado foi de importância fundamental  à história da educação no nosso município. Foi, na realidade, uma grande conquista das autoridades locais, pois, então já era possível concluir o curso primário na própria cidade. É preciso esclarecer que antes, desde a criação da primeira escola pública em 1875 até o ano de 1932, quando foi instalado o Grupo Escolar, as crianças daqui somente conseguiam cursar até o 3º ano primário. Todas as gerações de estudantes porangabenses, das escolas isoladas às agrupadas, antes de 1932, sempre foram estigmatizadas com a marca de “instrução primária incompleta”. Diante do conformismo, a maioria dos alunos continuou por motivos óbvios com o curso primário incompleto pela vida toda. Pesava sempre a situação financeira das famílias, a necessidade de atender às necessidades domésticas, o trabalho na lavoura, etc. Portanto, poucos jovens conseguiram concluir o primário naquela época, Na verdade, somente um pequeno grupo de privilegiados, filhos de famílias mais abastadas e que, para tanto, tiveram que mudar de cidade. Mas, a partir daquela formatura,  independente da situação econômico-financeira, posição social, etc., toda criança em Porangaba  já poderia iniciar e concluir o curso primário na terra natal. Uma notícia alvissareira para os jovens de Porangaba. O Grupo Escolar funcionava na rua do Meio ( atual rua 4 de Junho ), no prédio que depois passou a pertencer  ao sr. Benedito de Oliveira Vaz. Hoje, somente restam saudades…!

O “Jornal de Tatuhy” , edição n.º 218, de 17/12/1933, através do correspondente em Porangaba, José Antônio Seabra, noticiava: “A Primeira Turma dos Alunos Que Completaram o 4º Ano do Grupo Escolar” – “Revestiu-se de solenidade o ato de entrega de diplomas dos alunos que completaram o quarto ano do nosso Grupo Escolar. Num dos recintos do mesmo estabelecimento, com a presença dos professores Acácio Vieira de Camargo, diretor, Paula Hilda de Miranda, professora do 4º ano em exercício, Joaquim da Costa Machado, Prefeito Municipal, diversos educadores e pessoas gradas, deu-se início a cerimônia. Usou da palavra o sr. Costa Machado, que em feliz improviso congratulou-se com a direção do estabelecimento, ali representada pelo sr. Acácio Vieira de Camargo e com os demais professores pelo êxito alcançado pela primeira classe de 4º ano que se inaugurara no presente ano letivo, com tão belos proventos. São os seguintes os alunos que completaram o curso primário, recebendo o respectivo diploma: Ítalo Ado Biagioni, Acácio Domingues, Renato Angelini, Mário Bassoi, Mathilde Martins, Thereza Cassetari, Ocelina Antunes, Luiza Domingues, Palmyra Correa, Ruth Carneiro e Maria Nogueira”.

Foto: “Comemoração, alunos do Grupo Escolar Porangaba, anos 30″. Acervo pessoal.

Júlio Manoel Domingues