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27 de janeiro de 2017 - Acidente Aéreo em 1942

Num dia festivo, que não soube precisar a data, um avião monomotor pousou no terreno do saudoso Nhô Jango Mendes, no alto da cidade, perto do cemitério e do antigo campo de futebol, onde hoje está  o Conjunto Habitacional do CDHU. Era pilotado pelo Sr. Nico Gonçalves  e o motivo da vinda foi para atender as pessoas que quisessem voar alguns minutos mediante o pagamento de uma quantia em dinheiro. A procura foi grande e muitas pessoas mataram a vontade num vôo rápido, panorâmico, sobrevoando a cidade, os sítios e fazendas. Dalico, junto com o amigo Carlinhos Fidelis, seu vizinho no sítio, já tinham “voado” antes, bebido algumas cachaças e cheios de coragem retornaram ao campo de pouso improvisado para incentivar alguns conhecidos que pretendiam “andar de avião”. Lá estavam na fila de espera o Lazinho Diniz, o Silvério Miranda e outros, quando, subitamente, chegou o valente Juvenal Carro que, também, encorajado pela “pinga”, pediu licença para passar na frente, pois queria ver de cima o bairro onde morava. Diante da insistência foi autorizado e se instalou no avião. O piloto iniciou a subida e todos ficaram olhando; o avião atingiu grande velocidade, mas não subiu o suficiente e, ao ganhar pequena altura, caiu de repente e bateu numa cerca. Houve pequena explosão e surgiu fumaça preta em grande quantidade. Todos correram para o local e viram que o piloto e o passageiro nada tinham sofrido, mas estavam assustados. Os danos foram somente materiais, com a quebra da hélice, pequenas avarias na asa, fuselagem e rodas. O medo foi enorme e o passageiro Juvenal, já curado do”pileque” pelo  susto, queria o dinheiro de volta pois nem chegou a “andar de avião”. Diante da recusa, deixou o local muito aborrecido e, então, se lembrou que o prejuízo fora muito maior, pois o dinheiro estava reservado  para comprar um par de botinas”. O fato aconteceu no ano de 1942 e, comprovadamente, trata-se do primeiro avião que aterrisou em Porangaba.

 

O jornal Progresso de Tatuí, de 13/12/1942,  noticiou: “Em pleno pasto, aterrou no dia 11/11/42, o avião de propriedade do sr. Nico Gonçalves. Dia 14 voltou novamente e realizou aqui muitíssimos vôos com os interessados. O campo foi ligeiramente preparado pela Prefeitura”. Eu me lembro muito bem do acidente, pois naquele dia eu me encontrava no local e também já tinha “voado”. Após insistentes pedidos, minha saudosa mãe me proporcionou a  inesquecível satisfação de voar, condicionando, unicamente, que fosse acompanhado da Maria, a empregada lá de casa. Pagou a taxa acertada para que voassemos juntos, o que foi feito e nos encheu de  orgulho  A propósito, a Maria é filha dos saudosos João Rosa e dona Leontina Pirajibu, nossos vizinhos.

 

A vinda do avião para nossa cidade foi um assunto que mexeu com a população, cujos comentários perduraram por muito tempo. Ouvi, por exemplo, que o saudoso Silvério de Oliveira fez questão de sobrevoar o seu sítio e que, inclusive, como havia combinado com a esposa Luiza, lançou uma sacola de pães que comprara antes,  na padaria da cidade,  para comprovar a sua destemida aventura. São as histórias de nossa gente e que lembramos com saudades.

 

Foto: CAP-4 Paulistina, modelo equivalente à do fato ocorrido em Porangaba em http://cafemodelismoforum.livreforum.com/t1658-cap-4-paulistinha

 

Júlio Manoel Domingues

 

 

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