Antigamente, as festas religiosas eram os grandes momentos de interação social, comemoradas com missas, “te-déuns”, procissões, com a participação de muita gente, os moradores locais e os sitiantes. As ruas do povoado, por onde o cortejo passava, eram preparadas, limpas, iluminadas (não tínhamos, ainda, a luz elétrica!) e às vezes decoradas. As festas de Corpus Christi, do Santo Padroeiro e da Semana Santa tinham os cortejos mais tradicionais, porém, a Procissão do Senhor Morto era a que mais impressionava pelo canto triste das Verônicas nas “estações”.
Trata-se de uma tradição cristã, quando a mulher de Jerusalém, chamada Verônica, enxugou com um pano (sudário) o rosto de Jesus, cuja fisionomia ficou ali estampada. Esse quadro representativo é repetido nessas comemorações. No Dicionário Aurélio lemos: “ procissão é a cerimônia religiosa em que sacerdotes e sectários de um culto seguem, geralmente em filas, entoando preces, levando expostas imagens ou relíquias dignas de veneração, etc.”.
Era o que víamos por aqui, antigamente, nas comemorações católicas da Semana Santa, destacadamente, quando uma mulher, vestida de preto e coberta com um véu da mesma cor, carregava o “santo sudário” e cantava nas “estações” no caminho do calvário. As comemorações da Semana Santa sempre foram concorridas; além da banda de música que tocava marchas fúnebres próprias, eram os cânticos das “verônicas” que mais emocionavam. Na procissão, o andor do Senhor Morto era carregado pela irmandade do Santíssimo e, em seguida, vinha a “Verônica”, vestida de preto, trazendo o sudário. Ao parar nas “estações”, ao cantar, ia desenrolando o “pano” e exibindo o rosto de Cristo estampado. Ao terminar, enrolava novamente e a procissão seguia.
Eis os nomes de algumas “Verônicas” de Porangaba; as mais antigas: Arminda do Valêncio e Clementina Camerlingo; vieram depois: Nêga do Aparício, Anunciata de Bonis, Lina de Bonis, Neguinha de Bonis, Maria Nogueira, professora Cotinha, Dirce do Pedreiro, Áurea Nunes, Matilde Martins, Carolina Falkenback, Araci Tomé, Elce da Florinda, Olivinha Machado, Lúcia Amaral, Raquel Nunes, Rute Alvarenga, Edite Novaes, Dinha Nogueira, Celinha Ribeiro, etc.
Hoje, está tudo mudado, mas mesmo assim são comemorações que se sustentam no acatamento e na fidelidade. Os ritos podem estar alterados, mas persiste a fé e o respeito às tradições católicas. Curiosamente, não se pode negar que a própria conduta dos fiéis é diferente e isso se deve às reformas conciliares, quando, rígidos rituais se tornaram mais flexíveis, adaptados aos tempos modernos.
“O Sudário de Turim ou Santo Sudário é uma peça de linho que mostra a imagem de um homem que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação. O Sudário está guardado na Catedral de Turim, na Itália, desde o século XIV. Pertenceu desde 1357 à casa de Saboia que em 1983 o doou ao Vaticano. A peça é raramente exibida em público, a última exposição foi no ano 2010 quando atraiu mais de 50 mil fiéis.”
(Fonte: Wikipédia, A Enciclopédia Livre em https://pt.wikipedia.org/wiki/Sudário_de_Turim ).
Foto: “St Veronica” from Bernardo Strozzi, Prado Museum. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bernardo_Strozzi_-_St_Veronica_-_WGA21914.jpg
Júlio Manoel Domingues
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