Foi o primeiro clube recreativo formado em Porangaba. Antes, todos os eventos festivos e bailes eram realizados em casas particulares. Eram bastante comentados os bailes nas casas do capitão Joaquim Francisco de Miranda, do tenente Antônio Paulino Telles, dos comerciantes: Bento Manoel Domingues (Cândido), João Pedroso de Oliveira e João Batista Mendes (Jango Mendes). Segundo os saudosistas, aqueles sim é que eram os bailes de verdade, marcados pelas valsas, mazurcas, quadrilhas, polkas, “schottischs”, com mesuras, reverências e, principalmente, muito respeito. Verdadeiros saraus lítero-musicais, variados, não faltando nos intervalos o chá com bolo e outras guloseimas. As reuniões dançantes, cantadas em prosa e verso, foram famosas e animadas, mas a cidade foi crescendo e precisou de um salão maior e apropriado. Os músicos já existiam, desde a chegada dos imigrantes italianos e dentre os próprios instrumentistas já se destacavam alguns aqui nascidos e formados. Foi fundado, então, festivamente, o Clube Recreativo 21 de Abril no dia 12/04/1920.
A primeira diretoria estava assim formada: Presidente: Dassás Vieira de Camargo; Vice-presidente: José Martins; Primeiro Secretário: Francisco Carneiro da Silva; Segundo Secretário: Abimael do Amaral; Diretor literário: Giocondo Rossi; Tesoureiro: Tertuliano de Campos; Diretor esportivo: Cândido Moura. Sócios Fundadores: Dassás Vieira de Camargo, José Martins, Francisco Carneiro da Silva, Giocondo Rossi, Tertuliano de Campos, Cândido Moura, Luiz Carlos Vieira, João Pedroso de Oliveira, Benedito de Oliveira Vaz, João Paes da Silva, João Batista Mendes, Antônio Nunes da Silva, Domingos Manoel de Miranda, Abimael do Amaral, João Moreira, Oscar Carlos Avallone, João Correa da Silva, Luiz Angelini, Antônio Nunes Diniz, Bento Manoel Domingues, Domingos Martins, Francisco Patrocínio São Pedro, Isaias Nogueira do Amaral, Giocondo Biagioni, Salvador Alves Machado, Delfino de Oliveira Pinto, Luiz Sola Ares, José Alves Antunes, Francisco Bueno de Miranda, Antônio Paula de Oliveira, Amâncio de Oliveira Pinto, Antônio Gavião, Aldo Angelini, Agostinho Angelini e Horácio Manoel Domingues.
A primeira sede foi na casa, à rua 4 de Junho, onde hoje reside o sr. Veríssimo da Costa Machado. Posteriormente, funcionou noutro prédio, na mesma rua, onde funcionou o bar do Gildo, a Padaria Central, defronte à farmácia do Florival, que hoje não mais existem.. Ali, ficou bastante tempo, mudando-se, depois, para o imóve que pertenceu ao comerciante Francisco Patrocínio São Pedro (Chiquinho Patrocínio). Foi inicialmente alugado e, muitos anos depois, comprado pela diretoria da associação. Até então, as diversas diretorias que se sucediam, planejavam a construção da sede, tendo inclusive comprado o terreno na praça principal e parte do material, mas o projeto não foi adiante. À guisa de curiosidade, o lote passou depois a pertencer ao ex-prefeito Mário Antônio Nogueira, que ali construiu sua residência.
Um dos períodos áureos da agremiação foi no ano de 1945, portanto, há mais de 70 anos atrás e a diretoria tinha a seguinte formação: Dr. Renato de Carvalho Ribeiro (Presidente); Elias Fadel Fadel (Vice-Presidente); Acácio Domingues (Secretário); Henrique Pedro Rossi (Tesoureiro); Luiz Manoel Domingues (Diretor) e Lúcio do Amaral Paes (Mestre Sala). Em 1948 o Clube Recreativo 21 de Abril, reformou os seus estatutos registrados sob nº 16, no Livro nº 01 das Pessoas Jurídicas do Cartório do Registro Geral de Tatuí, dando-lhe melhor redação, criando e suprimindo dispositivos de acordo com as necessidades da época , reforma essa aprovada em Assembléia Geral Extraordinária de 07 de março de 1948. A Diretoria eleita para dirigir o Clube no período de 1947 a 1948 tinha a seguinte formação: Presidente: Erasmo Pedroso de Oliveira, casado, comerciante; Vice-Presidente: Horácio Manoel Domingues, casado, comerciante; Primeiro Secretário: Serafim Correia de Alvarenga, casado, militar reformado; Segundo Secretário: Alaor Fazzio, solteiro, funcionário da Caixa Econômica; Tesoureiro: Luiz Sola Ares, casado, comercinate; Diretor Literário: Lauro Prestes de Camargo, casado, farmacêutico; Mestre-sala: Wilson Falkemback, casado, proprietário – todos brasileiros, residentes na cidade de Porangaba. A Comissão de Contas era formada pelos seguintes membros: Jaures Soares Ramos, Carlos de Almeida Machado e Abimael Amaral – todos brasileiros e residentes em Porangaba.
Com referência à relação dos sócios fundadores, divulgada em folheto comemorativo pela diretoria, cabe o seguinte esclarecimento: a) alguns nomes relacionados eram de pessoas bastante jovens por ocasião da fundação e, possivelmente, foram considerados sócios juvenis ou algo parecido (1ª hipótese); b) enquadram-se, nessa situação os nomes de Aldo Angelini, Agostinho Angelini e Horácio Manoel Domingues; c) como o clube teve períodos alternados de atividade e inatividade, mesmo na primeira década de vida, a sociedade passou por reorganização e a inclusão como fundadores deve ter sido por engano (2ª hipótese), mas em nada desmerece os nomes citados e não burla a história da sociedade, pois os irmãos Angelini, principalmente, foram destacados presidentes do 21 de Abril, com relevantes serviços prestados à sociedade.
Quanto à atividade cultural do clube, um fato marcante da diretoria nos anos 30 do século anterior, foi a criação da biblioteca para os associados com a colaboração da população, através de doações e, também, de campanhas voltadas à formação do acervo. Foi destacada a atuação do professor Antônio Freire de Souza nas seleção e escolha das obras. Funcionou muito bem durante muitos anos, mas o acervo (se assim pudermos chamar, pois muitas obras foram simplesmente roubadas no transcorrer do tempo e restou um arremedo de biblioteca) foi transferido em 1957 para o Ginásio Estadual “Aldo Angelini”, na instalação, quando, por exigência legal, necessitava de biblioteca para funcionar. Foi uma ação cômoda e encerrava-se, melancolicamente, todo o esforço de uma plêiade de cidadãos que procuraram, no passado, divulgar o hábito de leitura entre os jovens porangabenses.
Em atividade até há pouco tempo, com mais de 80 anos, o clube alternou períodos de grande energia e outros de total apatia. Veio “vivendo”, como se diz : “aos trancos e barrancos”. A política local sempre interferiu na formação do quadro associativo e diretivo, ocorrendo sempre conluios, dando sempre preferência aos amigos e companheiros políticos para não perder o comando da associação. Hoje, como clube recreativo associativo não mais existe e, nos últimos trinta anos, houve um total descaso na administração da sociedade, pois as diretorias eram formadas para manter o domínio político, chegaram até a dilapidar o patrimônio, destruir os arquivos e dar sumiço em objetos e documentos históricos importantes que foram surrupiados para enriquecer coleções particulares de ex-diretores. Seria o caso de perguntar onde foram parar os livros de atas, os documentos históricos, o antigo relógio de parede (parece que fizeram um leilão de portas fechadas !), e o quadro com as fotos dos diretores que ficava na sala de entrada, pois ali estavam representados os homens que engrandeceram a sociedade, como: Luiz Angelini, José Martins, Luiz Sola Ares, Bento Manoel Domingues, Benedito de Oliveira Vaz, Dassás Vieira de Camargo, Aldo Angelini.
Até, há pouco tempo, o salão ainda era usado para encontros, palestras, treinamentos, cursos diversos subvencionados pelo governo municipal, além de reuniões sociais de entidades ligadas ao Serviço Social do Município. Hoje é ocupado por uma associação de idosos, o Clube de Terceira Idade, ligado ao Serviço Social de Município. Desconhecemos como se efetivou a posse e a transferência patrimonial. Concluímos, portanto, que destruir o patrimônio e a memória foi fácil…!
Lamentavelmente, nada foi feito para o reerguimento da associação. Certamente, o estatuto foi simplesmente ignorado como acontece por aqui. É a única explicação.
Foto: Edifício Clube Recreativo 21 de Abril, Acervo Pessoal.
Júlio Manoel Domingues
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