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5 de setembro de 2014 - Demolido o Casarão dos Mendes !

A surpresa é muito grande para aqueles que passam pela rua principal e enxergam  o imenso buraco aberto no quarteirão. A pergunta é inevitável: o que aconteceu com o casarão do Nhô Jango Mendes?  A resposta é imediata: – foi demolido para a abertura de uma nova rua. É o recado  oficial,  pois a comunidade não pode ficar alheia ao crescimento urbano, mas é pouco convincente para muitos cidadãos, considerando o valor histórico que o imóvel tinha. Muitos dirão: – é o progresso; mas não podem negar que o patrimônio histórico vai aos poucos desaparecendo. A verdade é que o centenário casarão já não mais existe e ficaram somente as saudades…  Não se pensou na preservação e nem em outra providência alternativa para solucionar o problema urbanístico.

 

 

O “casarão” dos Mendes sempre fez parte da história da cidade e, com a demolição,  teve o mesmo fim de outros “monumentos” históricos derrubados e desativados. Hoje, já esquecidos, ninguém mais fala do  Cemitério Velho, da Capela de São Roque, do Pavilhão do Cinema e da própria Mangueira do Nhô Jango; não existem sequer marcas e registros.  Agora foi a “herdade” dos Mendes. Era, sem dúvida, o marco do tropeirismo local e, com a “mangueira” que ficava ao lado e mais o piquete no fundo, um verdadeiro monumento para a comunidade. Foi palco de inúmeras histórias, mas é preciso voltar no tempo para entender a sua importância.  Ali aconteceram também outros eventos e foi, por muito tempo, o local preferido para os bailes da cidade. Todos os porangabenses, sem exceção, têm boas e carinhosas lembranças!  A casa foi construída, provavelmente, no início do século passado, pelo tenente Antônio Paulino Telles ( Tellinho ), sogro do saudoso Nhô Jango Mendes. É  aí, então, que entra a história do município, onde se destaca  a importância do patriarca da Família Telles & Mendes.

 

 

Tenente Antônio Paulino Telles, filho de Henrique José Fernandes e Ana Maria Francisca, natural de Tatuí, foi casado com dona Ana Cecília do Rosário. Nasceu em 07/07/1848 e faleceu em 28/05/1924 em São Paulo, onde está sepultado. Tinha 76 anos de idade. Pessoa empreendedora, membro da Guarda Nacional, exerceu inúmeros cargos públicos na antiga Bela Vista de Tatuí. Foi o primeiro Juiz de Paz ( a maior autoridade da comunidade), Zelador do Cemitério, Delegado de Polícia, Escrivão do Cartório, etc., dentre os inúmeros cargos que ocupou. Formou tradicional família porangabense. Carinhosamente conhecido como “Tellinho”, foi lavrador, comerciante, tropeiro, chacareiro, negociante de muares. Lutou arduamente pelos interesses da “Bela Vista”; pois queria a sua emancipação. Não chegou a ver concretizado o seu sonho, mas foi o único a enfrentar a falta de atenção dos políticos de Tatuí. Ficou célebre o seu encontro em 1906 com o partido majoritário daquela cidade, mediado pelo dr. Laurindo Minhoto, ao chefiar uma comissão de moradores que pleiteavam melhorias para o distrito. Ali foram recebidos com insinuações e indiferenças, mas, o Juiz de Paz, com muita linha e liderança, defendeu corajosamente os interesses da comunidade e rechaçou todos os desaforos. O assunto repercutiu nos jornais da época. Foi um homem íntegro, orgulho para nossa gente; serviu de modelo para muitos filhos desta terra. Foto: Acervo pessoal.

 

Júlio Manoel Domingues

 

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