Quem foi o primeiro fotógrafo em Porangaba ou na Bela Vista de Tatuí? É uma pergunta difícil de ser respondida, pois não existem provas, documentos ou “retratos” da época. Toda e qualquer referência ouvida por aqui, relaciona-se, no tempo, com o final da século 19 e início do século passado, mas tem, também, ligação histórica com a instalação do primeiro cinema. Antes, para melhor entender, é preciso considerar: a) que a primeira fotografia ou daguerreótipo tirada no Brasil foi feita pelo abade Luis Compte em 1840, na cidade do Rio de Janeiro; b) que em 1890 o Rio de Janeiro já tinha mais de 30 fotógrafos com endereços fixos; c) que no começo, a clientela dos fotógrafos era representada pela classe senhorial agrária e pela população urbana. A profissão de fotógrafo não garantia naquela época uma renda regular e muitos tinham múltiplas ocupações. Existiam ainda os fotógrafos itinerantes, que se deslocavam pelo interior, pelos povoados, pelas fazendas, na zona rural, oferecendo seus serviços. É o que deve ter acontecido por aqui. ( Foto: Acervo da Família Gorga, 14 de junho de 1899)
Os conterrâneos “antigos” contavam que Pedro Cinemeiro, vindo de Guareí, dono do primeiro cinema aqui instalado, foi também fotografo; o mesmo aconteceu com o sr. Henrique Harnich, que o sucedeu na direção do cinema. Nada encontramos de suas produções. Por outro lado, quase que com certeza, os antigos moradores tiravam seus “retratos” com os fotógrafos tatuienses, naquela cidade, ou quando eles para cá se deslocavam. Dentre todos, merece citação especial o sr. José Menezes da Silva ( Sr. Menezes ), o mais famoso. Era comum, também, a vinda de ambulantes, que não tinham residência fixa e eram errantes, passando por vilas e fazendas, durante as festas e comemorações locais, para fotografar eventos e famílias inteiras. Era, na realidade, um ato ligado aos costumes da época. Por exemplo, dentre eles, um dos nomes poderia ser o de Otto Dreher, cujo carimbo identificamos em algumas fotos antigas. Vale como citação, mas não temos certeza.
Outros relatos comprovam que existiam nas próprias casas, espalhadas ou depositadas em gavetas, inúmeras fotografias antigas, guardadas pelos familiares, tiradas não somente em Tatuí, mas em Sorocaba, São Paulo e, principalmente, em Pirapora de Bom Jesus e Aparecida do Norte, nas tradicionais viagens de peregrinação que muitas pessoas faziam costumeiramente. Até hoje, em quase todas as casas de famílias porangabenses, essas fotos antigas ainda são encontradas. São guardadas como relíquias. Outros dois fotógrafos tatuienses que até, mais ou menos, 1970, ainda eram procurados pelos porangabenses para fotos de casamentos e batizados, foram: o saudoso Ari Gordo (que trabalhava com o sr. Menezes) e o Celso Módena que ainda continua em atividade.
Portanto, há muito tempo, desapareceram tanto os fotógrafos tradicionais (que trabalhavam com negativos feitos sobre placas de vidro ) como as antigas máquinas fotográficas, hoje classificadas como rudimentares e peças de museu diante da alta evolução tecnológica alcançada no campo da fotografia, dos equipamentos e da informática. Acrescente-se, como fator decisivo às mudanças, a popularização das máquinas digitais, manipuladas facilmente por jovens e adultos, com destaque para as crianças. Até mesmo o fotógrafo “lambe lambe”, conhecido como fotógrafo de jardim ( que antigamente existia na praça da Luz, em São Paulo) e que teve um papel importante na popularização da fotografia no Brasil, não existe mais. Hoje, somente nos grandes centros populacionais é que encontramos fotógrafos profissionais. Tudo mudou…
Fotógrafos porangabenses: Luigi Gorga, Pedro Cinemeiro, Henrique Harnich, Manoel Emílio São Pedro (Nelo), Seabra (Tatuí), Domingues Arruda, Onozor Pinto da Silva, Enos Antunes e Lina Antunes ( Servan – Serviços de Vanguarda em Fotografia, Propaganda e Artes).
Júlio Manoel Domingues
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