1) O Primeiro Gramofone – “O gramofone era um aparelho simples, mais aperfeiçoado, e que substituiu o fonógrafo inventado por Thomas Edison, com a vantagem dos discos serem mais facilmente reproduzidos. A reprodução dos sons gravados em disco, sob a forma de sulcos em espiral, era feita através de uma agulha que girava sobre o mesmo, numa mesa rotativa movida por corda de aço e com um dispositivo acústico ali acoplado.” (Fonte: Enciclopédia Barsa).
O gramofone foi inventado por Emil Berliner, alemão, no ano de 1887. Os primeiros gramofones apareceram por aqui, mais ou menos, entre 1918/20. Tornaram-se objeto de curiosidade na Bela Vista de Tatuí. As pessoas, sem exceção, ficavam encantadas, queriam conhecer e tocar no aparelho. Aí, então, a máquina já começava a substituir o homem e, tivemos os primeiros bailes ao som do gramofone ao invés dos grupos musicais. Tudo aconteceu muito depressa e logo esses aparelhos já estavam sendo substituídos pelas vitrolas, que vieram logo a seguir. O saudoso Lazinho do Valêncio falou desses primeiros aparelhos que vieram quando ele ainda era menino. Lembrava muito bem dos proprietários – o italiano Vicente Bertoni e o comerciante Bento Gabriel. Depois, apareceram outros. O capitão Miranda precisou, anos mais tarde, expor também a sua vitrola à visitação publica, pois todos queriam conhecer a “novidade”, sendo enorme o afluxo de pessoas de todas as classes e idades. O comerciante João Pedroso de Oliveira foi também um dos primeiros adquirentes dessa “novidade”.
2) O Primeiro Aparelho de Rádio - O primeiro aparelho de rádio foi do comerciante Ricieri Grazioli, (irmão do dentista Eugênio Grazioli), proprietário de um bar na rua do Comércio ( atual 4 de Junho), na casa onde depois funcionou a agência do correio, ao lado do Clube Recreativo 21 de Abril. Imaginemos, hoje, o que seria essa “maravilha” – um enorme receptor com dezena de válvulas, conectado a uma grande bateria (acumulador) e com uma antena externa, bem alta, sustentada por madeiras, fios, etc. O aparelho em si era um móvel de madeira no formato de capelinha. A recepção, apesar da estática e de outras interferências externas, significava o contato com o mundo. Numa versão afetiva, o rádio tornou-se o centro articulador do cotidiano, dos valores, das conversas, do imaginário e dos rituais familiares e da própria população. Era a grande novidade e nas audições era comum o ajuntamento de pessoas. Onozor Pinto da Silva, historiador de saudosa memória, escreveu: “Foi no ano de 1936 e me lembro do primeiro rádio a bateria, que estava instalado no bar do Ricieri. No início, todos os dias, a partir da 9 horas, reuniam-se jovens, crianças e velhos para ouvir o rádio, canal 4, 1240 quilocíclos, o “Programa da Bandinha”, comandado pelo humorista Genésio de Arruda, com suas piadas, dobrados, polcas, maxixes e valsas. Depois, no intervalo de mais ou menos um ano, os bares da Família Biagioni e do Aleixo Mariano, ambos nas esquinas da praça principal com a rua do Comércio, instalaram rádios nos seus estabelecimentos. No bar do Aleixo, assim conhecido, os programas ouvidos eram cururus, modas caipiras, e a estação mais sintonizada era a Rádio Record, nos 1000 quilociclos. Já no bar da dona Iracema Biagioni, era comum ouvir a Rádio Tupi do Rio de Janeiro, nos 1400 quilocíclos, com as canções melodiosas do Vicente Celestino, Orlando Silva, Carlos Galhardo, etc. Às 18 horas, nessa mesma emissora, era ouvido o Programa da Ave Maria com Júlio Louzada, ao som da Serenata de Schubert, que incluía, também, canções e músicas clássicas. A Rádio Piracicaba, nos 840 quilociclos, era também muito ouvida, voltada mais à música sertaneja e me lembro, com saudades, do prefixo da estação que era cantado pela dupla Tonico e Tinoco”. A partir de 1940, em plena 2ª.Guerra Mundial, aumentou o número de aparelhos na cidade, quando grande parte da população passou a se interessar pelo noticiário do conflito, já que tínhamos alguns porangabenses lutando na Itália. O tempo passou, a evolução tecnológica foi determinante e o rádio se popularizou. Hoje existem aparelhos dos mais variados modelos, portáteis, elétricos, transistorizados, digitais, etc., bastando dizer que qualquer cidadão, independente da situação econômica, tem, no mínimo, um “radinho de pilha”.
3) O Primeiro Aparelho de TV - A televisão veio mais tarde completar o processo evolutivo iniciado pelo cinema, desta vez entrando e alterando a vida das pessoas dentro de suas próprias casas. Com o tempo passou a ditar o ritmo e a organizar as atividades das pessoas, das famílias, que, influenciadas também pela programação e a publicidade, mudaram os hábitos de consumo e o estilo de vida, tanto na cidade como no campo. O primeiro aparelho de televisão instalado em Porangaba foi no ano de 1957, na residência do dentista Eugênio Grazioli. Um fato inesquecível e todas as noites, por um longo período, a saudosa dona Eliza, sua distinta esposa, com muita paciência e simpatia, recebia indistintamente os curiosos que queriam conhecer a novidade. Recebeu, praticamente, a cidade inteira… Diziam os mais velhos: – É coisa do diabo! É o fim de mundo! Hoje está totalmente integrada nos lares brasileiros e, dependendo da programação, altera os hábitos do cotidiano e comanda a rotina das casas. É, sem dúvida, uma das maravilhas inventadas pelo homem e não existem mais fronteiras no mundo atual, globalizado. As transmissões são quase que instantâneas, perfeitas, com imagens em alta definição, etc. Imaginem o que ainda virá…!
Foto: “Old Gramophone” de Adam Mirowski em https://www.flickr.com/photos/adammirowski/8782862717
Júlio Manoel Domingues
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