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16 de dezembro de 2015 - História do Escotismo em Porangaba

O “escotismo ou escutismo” foi fundado em 1907, na Inglaterra, por Lord Robert Baden-Powell. É um movimento mundial, educacional, voluntariado, apartidário, sem fins lucrativos. A sua proposta visa o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na promessa e na lei escoteira  e, através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, permite que o jovem assuma seu próprio crescimento, tornando-se  um exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina.” ( Fonte: Wikipédia em https://pt.wikipedia.org/wiki/Escotismo).

 

Chegou ao Brasil em 1910, trazido por marinheiros e oficiais da Marinha Brasileira, sendo fundado o primeiro núcleo no Rio de Janeiro. A partir de 1914 espalhou-se por várias cidades brasileiras, das quais um dos mais importantes núcleos foi a Associação dos Escoteiros de São Paulo, fundada pelo diplomata José Carlos de Macedo Soares. Apesar das dificuldades de comunicação, chegou rapidamente por aqui. Surpreendentemente, o escotismo já existia na Bela Vista de Tatuí desde 1918 ( louve-se o interesse dos educadores locais ), e isso pode ser comprovado pelas notícia inserida no Jornal da Cidade de Tatuhy, edição do dia 13/01/1918, que confirma a existência desse agrupamento.“Bella Vista – Foram organizadas, em Bella Vista, a Linha de Tiro e Associação dos Escoteiros. Sua directoria ficou assim constituída: capitão Joaquim Francisco de Miranda (presidente), Bento Manoel Domingues (vice-presidente), Domingos Manoel de Miranda (thesoureiro), professor Laudelino de Campos (secretário), Affonso Avallone Júnior (orador) e Francisco Novaes da Silva (recebedor). Encarregou-se da instrucção da Linha e dos Escoteiros, o sr. Cabo Commandante do destacamento local”. No ano de 1923, o escotismo foi fortalecido com a reativação da Associação dos Escoteiros de Porangaba, sob o comando do professores: Nicanor de Paula Arruda ( diretor das Escolas Reunidas ) e Antônio Freire de Souza, (foto).

 

Houve sempre muito empenho, por parte dos educadores locais, para divulgar e expandir o movimento escoteiro na comunidade e, inclusive, foi criado um símbolo para a associação – a bandeira dos escoteiros de Porangaba. Transcrevemos a notícia do jornal “O Progresso de Tatuí”, edição de 30/09/1923, que destaca as providencias iniciais e esclarece ainda a falha ocorrida na indicação do patrono, embora o assunto fosse tratado por pessoas públicas de alto conhecimento e cultura. Não deixa de ser um fato curioso o engano percebido depois. “O sr. Norman Bernardes, prefeito municipal de Tatuí, a pedido do professor Nicanor de Paula Arruda, diretor das Escolas Reunidas de Porangaba, solicitou ao dr. Afonso d’Escragnole Taunay, diretor do Museu Paulista e grande conhecedor de São Paulo no tempos coloniais, a biografia do bandeirante Fernão Munhoz, cujo nome figura na bandeira dos escoteiros de Porangaba. O dr. Taunay gentilmente respondeu ao sr. Norman Bernardes, fornecendo-lhe alguns dados sobre a vida desse “grande apresador de índios”, que, segundo a carta, foi erradamente indicado para Porangaba. Segundo o historiador, foi bandeirante, um desbravador de relevo médio, mas não comparável aos “grandes calções de couro” de primeiro plano. Fez entrada no sertão no século 17 e participou da construção da Igreja de São Miguel, perto de Guarulhos. Deve ter morrido em 1672”.

 

A história mostra que a associação esteve sempre ativa, o que pode ser ratificado pela leitura de jornais da época, como a nota inserida na edição de 27/04/1924 do jornal tatuiense que citava o trabalho desenvolvido pelo professor Lino de Barros à frente do núcleo de Porangaba. Em 04/05/1924, outra noticia importante: “No dia 21/04/1924, partiram para Itapetininga para homenagear o presidente Washington Luiz Pereira de Souza, que foi inaugurar a estrada Itapetininga/São Paulo,  26 escoteiros desta vila, acompanhados pelo professor Eduardo Soares, técnico da Associação. Foram transportados para Tatuí por um auto cedido pela firma Correa Magaldi & Cia., daquela cidade. De Tatuí a Itapetininga seguiram de trem. Foram acompanhados pelas seguintes autoridades: coronel Francisco de Paula Vieira de Camargo (representando o presidente da Associação); capitão Joaquim Francisco de Miranda (chefe político); capitão João Pedroso de Oliveira (juiz de paz); capitão João Paes da Silva (oficial de registro civil); professor Lino de Barros (diretor das Escolas Reunidas de Porangaba); Dassás Vieira de Camargo; Aureliano Soares da Mota (sub-delegado); Pedro Moreira da Silva (suplente). Regressaram a Porangaba no dia 24, sendo recebidos por grande massa popular e banda música, regida pelo maestro João Seraphim de Abreu”.

 

Em seqüência, citamos dois fatos relevantes das atividades escoteiras desenvolvidas em Porangaba, já nos anos 30 do século passado: a)  em 1932, o capitão escoteiro Júlio Correa de Aguiar esteve em nossa cidade para visitar instituições públicas, ocasião que aproveitou para fazer palestra aos professores e autoridades locais, mostrando alta erudição e grande conhecimento dos problemas brasileiros; b) em 1934,  o professor Antônio Freire de Souza  ( que em 1923 foi transferido para Cedral ) retornou para Porangaba como Diretor do Grupo Escolar e reativou a Associação, culminando, pelo excelente trabalho desenvolvido, com a sua nomeação para a Chefia Regional dos Escoteiros.

 

O escotismo durou por aqui até mais ou menos 1939 e,  já nos anos 40 do século passado, desapareceu totalmente. Por que?  Quais os motivos?  São muitos … !  Infelizmente, uma verdadeira tragédia educacional atingiu a juventude brasileira, a partir da segunda metade do século passado, refletindo na formação moral, cívica e na falta de  patriotismo, daí o desinteresse maior  pelo Escotismo que é uma verdadeira escola de cidadania. Ainda é praticado em muitas cidades brasileiras e, certamente, voltará a Porangaba, mas depende de nossos educadores e  governantes.

Foto: Professor Antonio Freire de Sousa, acervo pessoal.

 

 

Júlio Manoel Domingues

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