1) Porque Meteorito Porangaba?
“Meteoritos são fragmentos de corpos extraterrestre (asteróides, cometas, planetas…) que sobrevivem a entrada da atmosfera terrestre, conseguindo atingir o solo”. (Fonte: “O que são meteoritos” em http://www.galeriadometeorito.com/p/o-que-sao-meteoritos.html#.VnDZNsArJhA).
Notícias recentes a respeito da queda de um meteorito no município de Porangaba empolgou todo o meio científico nacional e teve, inclusive, repercussão internacional. É um fato histórico único, ansiosamente sonhado e esperado no meio científico, mas que ocasionalmente ocorre. Podemos afirmar que, surpreendentemente, a pequena Porangaba foi projetada para o mundo. Passou a ser comentada no meio científico internacional. O incrível é que tudo aconteceu numa pequena comunidade, cujos moradores, em sua maioria, não têm sequer condições de avaliar o significado do ocorrido. Surgiram, então, muitos rumores e boatos ligados à crendice popular; falou-se de tudo.
A repercussão na mídia foi enorme e as primeiras notícias a chegar diziam : “moradores da área rural de Porangaba encontraram partes de um meteoro que pode ter caído na região; pesquisadores da Bramon, uma rede de investigadores voluntários de fenômenos espaciais, tentam localizar outros fragmentos dos corpos’’. Trata-se de um acontecimento inédito, pois a partir do relato de testemunhas e de uma imagem de radar meteorológico, cientistas brasileiros calcularam a órbita de um meteoro e localizaram a rocha no lugar previsto. Aconteceu na tarde do dia 09 de janeiro de 2015, quando uma grande bola de fogo vinda do espaço cruzou o céu de Porangaba, ocorrendo violenta explosão que foi ouvida por muitas pessoas, sem entender exatamente o que estava acontecendo. Foi o 4º meteorito encontrado no Estado de São Paulo, que recebeu o nome de Porangaba em homenagem à cidade onde foi encontrado.
Fatos como esses nos fazem pensar e raciocinar, saindo um pouco da alienação que nos posicionamos diante das pesquisas científicas, cujo entendimento é de importância fundamental para a formação cultural de uma sociedade. Se não fosse a dedicação, a capacidade técnica, o espírito de pesquisa dos astrônomos nacionais, seria mais um fenômeno que passaria em branco. Porangaba foi premiada.
2) Você Sabia que Porangaba já foi Mar?
Lembramos, então, outro fato marcante da história geológica do município que comprova que o atual território porangabense já foi submerso ( coberto de água ), um fato que a maioria da população ignora. Na verdade, faz tempo, muito tempo, muitos milhões de anos, mas aconteceu. Os estudos científicos, além de ratificar a tese, confirmam o que o naturalista belga Auguste Collon escreveu em 1897. Ele aqui esteve fazendo estudos e ao descrever o solo, além de destacar a formação vulcânica do morro de Bofete, relatou ter achado restos de árvores fósseis e traços de peixes com brânquias em forma de lâminas e, ainda, fósseis (conchas, mariscos e restos de madeiras ) numa altitude de 575 metros, no bairro da Serrinha. Na época, para muitos, principalmente no meio acadêmico, as suas conclusões foram recebidas com certo ceticismo, mas já era a verdade científica que aflorava.
Hoje, sabemos que a área atual do município situa-se na zona fisiográfica de Piracicaba, entre as bacias dos rios Tietê e Paranapanema e a altitude média é de 550m acima do nível do mar. O solo não é uniforme e apresenta áreas variadas de terra arenosa branca, com faixas de terras avermelhadas, outras ricas em pedregulho, pedras diversas e lajes, etc. Com profundidade variável, o subsolo apresenta formações calcárias, indicando que, em passado remoto, na sua história geológica, o local esteve submerso ou sofreu a ação do rebaixamento e elevação do solo. Então, aqui já foi mar? Coberto por água salgada? Houve tanta movimentação da terra?
Existem inúmeras publicações científicas, recentes, que são provas irrefutáveis. “Mais de cem fósseis de moluscos marinhos, com cerca de 250 milhões de anos, foram descobertos na região de Porangaba, no interior paulista, pela equipe do professor de Paleontologia, Marcelo Simões Guimarães, do Departamento de Zoologia, do Instituto de Biociências (IB), da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Medindo de 5 a 10 centímetros, os fósseis foram encontrados em escavações feitas entre os quilômetros 160 e 165 da Rodovia Castelo Branco, que liga a Capital ao Interior do Estado. O local é o mais distante do atual litoral paulista, onde até já foram descobertos fósseis de invertebrados marinhos. Outras espécies de moluscos semelhantes foram localizadas há alguns anos na região de Rio Claro e Conchas, também no interior de São Paulo. O aspecto mais importante da descoberta de Simões é que as mesmas espécies de moluscos identificadas próximo à rodovia ocorrem em rochas de idades equivalentes na África do Sul e na Namíbia, no Continente Africano. Os achados constituem mais uma evidência a favor da teoria da tectônica de placas, segundo a qual, os continentes – África e América do Sul, formariam uma massa única, parte do chamado supercontinente do Gondwana. Reforça ainda a tese segundo a qual São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estavam cobertos pelo mar 250 milhões de anos”.(Fonte: “Encontrados Fósseis de Moluscos em São Paulo”, Jornal do Commercio, Recife, 1998 em http://www2.uol.com.br/JC/_1998/0109/cm0109a.htm ).
Foto: “Meteorito Porangaba” em http://www.apolo11.com/cometa_73p.php?titulo=Historico_Bramon_calcula_orbita_e_localiza_meteorito_em_Sao_Paulo&posic=dat_20150120-170107.inc
Júlio Manoel Domingues
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