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13 de junho de 2017 - Memória – Cezarino Antunes Correa (1914-1982)

No “Almanaque Seckler para São Paulo”, 1883, não aparece nenhuma vez a palavra maestro; é mestre de música e, mais comumente, diretor. Nos jornais do interior, principalmente, até 1910, acontecia a mesma coisa. O vocábulo maestro é bem mais pomposo, mais erudito, de origem italiana e usado nos grandes teatros e operas. Tornou-se popular a partir da 2ª. metade do século passado. Antes, falava-se em mestre de banda, mestre de música, vestígio da íntima ligação com mestre-de-capela. O antigo professor primário de primeiras letras era chamado de mestre e, também, aquele que ensinava música era assim conhecido. Coincidentemente, no último século, antes do desenvolvimento da instrução pública, muitos mestres de banda ensinavam também as primeiras letras. Até hoje existem pessoas que falam mestre de banda. Fato curioso é que até os próprios italianos, naquela época, rejeitavam o chamamento de maestro, como foi o caso do folclórico José Italiano, na cidade de Tietê, no ano de 1883.

 

Além dos conhecimentos musicais, o mestre de banda era geralmente um homem dotado de qualidades morais, igualmente necessárias à boa aplicação de sua arte. Começava ensinando os meninos e moços; os aprendizes e passava a exercer certa ascendência sobre os mesmos. Líder, carismático, íntegro, disciplinador, sabia dar ordens, defendia e representava os seus subordinados. Tratava dos acertos financeiros e do rateio das gratificações conforme o mérito e o trabalho de cada um. Salvo raríssimas exceções, nenhum mestre e nenhum músico não militar, viviam exclusivamente da arte musical. Normalmente, exerciam uma profissão e à noite dedicavam-se à banda. Era, quase sempre, o homem dos sete instrumentos; conhecia todos na teoria e na prática. Enquanto a maioria dos músicos tocava mais na base do ouvido do que na teoria musical, os mestres conheciam composição e harmonia, copiavam as mais variadas partituras e eram fortes nos solfejos. Na acepção regular do vocábulo latino “magister”, aquele que comanda, dirige e conduz vemos o mestre músical, o maestro da banda. Aqui, lembramos, então, do maestro Cezarino Antunes Correa que, além de artista, foi um homem exemplar pelo seu elevado caráter e humildade.

 

Em 08/09/2007, a família do maestro Cezarino Antunes Correa, representada por sua esposa dona Maria José de Campos Corrêa realizou o Evento Cultural RESGATANDO A MÚSICA DE PORANGABA, em homenagem aos 25 anos de sua morte. Foi produzido o CD comemorativo Alvorada, que, nos faz lembrar, sentir e rever os momentos felizes da banda e da obra do artista”;

 

No ano de 2014, quando completaria o seu centenário, foi homenageado em Porangaba com uma exposição no Centro Cultural “Vereador Abílio São Pedro”, onde os visitantes puderam apreciar um pouco da história musical da “cidade sinfonia” e a trajetória desse filho ilustre, através de vídeo, fotografias e exposição de instrumentos musicais e objetos da época. Cumprimentamos todos os familiares e os organizadores do evento, que foi marcado por muita emoção, nostalgia e a valorização histórica de nosso município.

 

Filho de José Antunes Correa e de dona Maria das Dores Moreira. nasceu em Porangaba no dia 01/01/1914. Foi um músico admirável, extraordinário. Aluno do saudoso Toninho Cristovão, tinha preferência pela requinta, “a tão temida clarineta em mi bemol”, introduzida pelos italianos e que poucos ousavam tocar. Líder, com espírito perfectivo, tocava, ainda, bandolim e cavaquinho com mestria. Foi destacada a sua atuação à frente da Banda Santo Antônio, onde formou um grande número de músicos. Tocou, também, na Banda Santa Cecília. Arranjador e compositor, seresteiro, participou de conjuntos musicais. Chegou a fundar um “jazz-band” independente, o famoso Conjunto “Galho Seco”, que abrilhantava os bailes do antigo Clube 7 de Setembro. Deixou inúmeras composições, dentre as quase destacamos: Narciso Cezário ( dobrado – 1942 ); Não chores mais ( valsa – 1942 ); Carlino Ferreiro ( dobrado – 1946 ); Mão Quente ( Chorinho – 1950 ); Luiz Manoel Domingues( dobrado – 1950 ); Olga Mendes ( valsa – 1952 ); Pinta Roxo ( chorinho – 1969 ); Marcos Cesar M.Correa ( dobrado – 1969 ), etc. Além de músico, foi sapateiro. Destacou-se, também, como jogador de futebol, jogando pelo Esporte Clube Porangabense. Infelizmente, deixou de tocar muito cedo. Faleceu em Porangaba em 04/02/1982. Foi casado com dona Maria José de Campos Correa; deixou filhos e netos.

 

Foto: “Cezarino Antunes Correa”, arquivo digital, acervo pessoal.

 

 

Júlio Manoel Domingues

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