” A vida nos traz surpresas e coloca muitas pessoas no nosso caminho. Umas nos acompanham o tempo todo; outras são indiferentes e a convivência social nem sempre é pacífica. O relacionamento humano é difícil, mas em compensação, ao lado de amargas decepções, surgem também grandes amizades. Os amigos especiais, que não são muitos, existem e marcam sensivelmente as relações afetivas. Não são aqueles que somente compartilham de nossas dificuldades ou de nossas satisfações, pois o vínculo é muito maior. A relação de ajuda é sublime e não se mede por favores, pela situação social, cultural, financeira, mas por um profundo respeito e, às vezes, por uma simples palavra. São na verdade pessoas justas e sinceras, comuns, que nos cercam e protegem. Nada é falso, nada se perde; tudo é positivo.”(Mário Quintana).
Nasceu em Porangaba em 26/04/1937 e faleceu em Tatuí, vitimado por câncer, em 03/09/2015, sendo sepultado no Cemitério Municipal de Porangaba. Seus pais: sr. Mário Mendes e dona Angelina de Bonis Mendes, de tradicionais famílias porangabenses.
Teve uma infância feliz em Porangaba, com muito carinho e afeto, onde praticou todas as peraltices e brincadeiras possíveis à época, contando sempre com o apoio dos familiares, principalmente do avô João Batista Mendes, fazendeiro, um homem respeitado e honrado, que sempre cultivou as tradições tropeiras. Muito jovem ainda, foi um dos netos escolhidos para conduzir as suas montarias nas tradicionais “corridas de cavalos” que aconteciam – na “raia” do Nhô Jango Mendes – que faz parte da história de Porangaba. Muito cedo, tornou-se o cavaleiro preferido e ficou famoso, pois era perspicaz e resoluto nas ações que praticava, sempre com o objetivo de vencer. Foi o lema que o acompanhou por toda vida.
Fez o curso primário na terra natal e, depois, mudou-se para Tatuí onde continuou os estudos e participou, ativamente, de movimentos estudantis: foi presidente da União Tatuíana dos Estudantes (1958); diretor do jornal “A Voz da UTE” e também um dos fundadores do PT – Partido dos Trabalhadores daquela cidade. Formou-se advogado pela Faculdade de Direito de Bragança Paulista e exerceu a profissão por muitos anos com grande sucesso profissional pelos seus conhecimentos jurídicos – (OAB 32561/SP). Foi vereador da Câmara Municipal de Porangaba. Em Tatuí, por vários anos respondeu pela área jurídica do jornal “O Progresso de Tatuí” e também foi presidente do Alvorada Clube. Com vocação às artes, aprendeu música, ainda em Porangaba, com o renomado maestro Cezarino Antunes Correa, destacando-se, logo cedo, como trompetista. Fez parte da Banda Santo Antônio. Tocou também nas orquestras Tro-lo-ló (Tatuí), Carlos Eli (Capital) e na famosa orquestra Continental (Jaú); participou ainda dos Conjuntos de Mário Edson e os “Tatuís”. Deixou de tocar muito cedo, passando a exercer exclusivamente a advocacia.
Complementando os seus dotes artísticos, além da poesia, dedicou-se também à escultura, sendo os seus trabalhos em argila de extraordinária beleza. Fixou-se em Tatuí, onde participou ativamente de projetos sócio-culturais e programas filantrópicos. A par de suas qualidades artísticas e humanitárias, era um místico, um espiritualista, sempre preocupado com o bem estar de seus semelhantes, principalmente dos mais humildes. Durante toda sua vida, com base nos conhecimentos esotéricos, sempre mostrou uma atitude positiva que encantava a todos. Adorava sua gente, sua terra, o seu povo. Deixou filhos e entes queridos em Tatuí e Porangaba.
”De personalidade forte, Mendes era respeitado entre os colegas por conta dos posicionamentos. Ele tinha certas posições e não admitia que ninguém o contrariasse no que acreditava ser correto. Era uma personalidade impar, o ícone humanitário da região. É uma perda irreparável, em função da pessoa que representava e do trabalho comunitário e social que fazia” (Eleodoro Alves de Camargo Filho, Presidente da OAB de Tatuí).
“Ele combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé”. (Timóteo).
Missão cumprida, foi um grande amigo que, infelizmente, nos deixou muito cedo. Cumpriu sua jornada. Já sentimos saudades, as lembranças que ficarão para sempre, mas, sem dúvida, se ele aqui estivesse, contestaria como o “ poeta das coisas simples” : “ – Para sempre é muito tempo, o tempo não para! Só a saudade que faz as coisas pararem no tempo”.
“Personagem de bons ofícios, advogado, escritor, esotérico, escultor, músico, poeta. Advogado de causas nobres perdidas, esquecidas. Imbuído no sentido de servir à justiça, atento, desperto na verdade do ser humano em sua dignidade. Um homem arrojado, dinâmico, simpático, generoso, trabalhador e briguento. Pois é, um homem, um grande homem que mora em um soft, com simplicidade chic dos que vivem em paz”. (Fonte: Cristina Siqueira, poetisa em “O Progresso de Tatuí”, 1996).
Foto: Ivo Mendes, Diário de Tatuí em http://www.diariodetatui.com/2012/10/oab-chapa-quer-altivez-advocaticia.html
Júlio Manoel Domingues
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