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30 de março de 2017 - Memória – Laurinda Maraccini Fadel (1918-1988)

Ao tomar conhecimento que no próximo dia 28 de Abril é comemorado o “Dia da Sogra”, eu  prontamente me lembrei de  Dona Laurinda, a mãe de minha saudosa esposa Eliana, a  minha sogra  que eu sempre  admirei e respeitei. Convivi com ela muitos anos e só tenho boas lembranças, belas recordações,  bons conselhos; era uma pessoa especial, ponderada, culta e disciplinada.

 

Voltando no tempo, como eu a conheci? É uma história curiosa. Em 1942, mais ou menos, em Porangaba, corria o boato de que a esposa do Sr. Elias, o árabe que havia montado uma loja de tecidos na cidade, era muito bonita; talvez a mais bonita do lugar e, então, resolvi conhecê-la. Convidei dois amigos de infância; o Manoel Carlos Avallone e o Chico Rosa (ambos já  falecidos) – tínhamos todos entre 7 a 10 anos de idade – e  fomos bater na casa em que ela residia na esquina da antiga Rua do Comércio (hoje, 4 de Junho) com a rua João do Amaral Camargo.  Fomos muito bem recebidos e então ela nos perguntou:  “O que vocês querem?”  Um de nós respondeu ( não me lembro quem! );  “Viemos conhecer a mulher do seu Elias; dizem por aí que ela é muito bonita!”.  Ela riu e mandou que entrássemos. Surpresa, conversou algum tempo conosco, perguntou de que famílias éramos, ofereceu doces, que agradecemos e de repente, nós três, atônitos, nos retiramos em fila indiana e de cabeça baixa. Demos uma volta em torno da mesa da sala e, emocionados, sem olhar pra trás, saímos rapidamente. “Era bonita mesmo”. A partir de então, virou o assunto principal de nossas conversas naquele dia.  Passados muitos anos, ela comentou o acontecido e rimos bastante.

 

Nasceu em Chavantes, SP, no dia 21/07/1918, filha de José Maraccini e de dona Ursulina Meucci Maraccini, italianos. Tinha dois irmãos mais velhos; Ulisses e Martinho. Com a morte prematura do pai em 27/01/1919, ela tinha somente 5 meses e seis dias de idade, a família voltou  para  Laranjal Paulista.  Dona Ursulina, uma lutadora, se pôs a frente e enfrentou os desafios. Trabalhou muito, principalmente como costureira, e assumiu as responsabilidades familiares. Criou os filhos de forma exemplar; foram dias difíceis, mas nunca faltou carinho e amor.

 

Minha sogra cresceu em Laranjal Paulista, onde fez os estudos básicos e chegou a se mudar para São Paulo, onde trabalhou por algum tempo. Voltou para Laranjal Paulista onde se casou em 04/10/1941, com o libanês Elias Fadel Fadel, “o seu Elias”, que já tinha a loja de tecidos em nossa cidade, mudando-se para cá.  Aos poucos, além de ajudar o marido na loja, foi se adaptando aos usos e costumes locais. Figura modelar chamava a atenção pela sua  educação e trato; passou,  então, a ser convidada pela comunidade para participar de diversos eventos festivos, filantrópicos e sociais.

 

Como tinha a loja, tornou-se, uma “preparadora de noivas” muito procurada, quando, com conhecimento e bom senso, orientava as jovens para o casamento. Era um costume que existia nas pequenas comunidades do interior e que hoje não existe mais. Católica praticante, fez parte da Irmandade do Coração de Jesus e, além dos atos de benemerência que praticava, ajudou muita gente, principalmente os pobres. Procurada, sempre tinha uma pequena “surpresa” (roupas, mantimentos, etc.) reservada para alguém.

 

Simpática, foi uma mulher resoluta, excelente mãe e  dedicada  esposa. Faleceu em São Paulo no dia 15/03/1988, com 69 anos de idade. Estava em tratamento médico e no óbito constou embolia pulmonar. Foi sepultada no Cemitério Municipal de Porangaba. Deixou o marido, filhos, genros, nora  e netos.

 

Foto: Laurinda Maraccini Fadel, acervo pessoal.

 

 

Júlio Manoel Domingues

 

 

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