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24 de novembro de 2016 - Memória – Maestro Roque Soares de Almeida (1917-1992)

Nasceu em Porangaba em 16/08/1917; filho de Agostinho Fogaça de Almeida e de dona Leopoldina Soares de Almeida. Fez o curso primário na terra natal e começou a trabalhar muito cedo, primeiramente na lavoura e depois no comércio local, onde se destacou como padeiro. Paralelamente, aprendeu música com o renomado maestro Antônio de Oliveira Pinto e começou a tocar clarinete na Corporação Musical Santo Antônio. Em seguida, em decorrência da dissensão política que alcançou a corporação musical local, transferiu-se para a Corporação Musical Santa Cecília, na mesma cidade, onde, no período de 1958/1960 foi o maestro. Pelos seus dotes musicais foi convidado para reger a banda musical de Bofete,SP, mudando-se àquela cidade, onde formou novos músicos e montou uma importante banda musical. Em seguida, em busca de novas atividades que sempre recebia como desafio, transferiu-se para a cidade de Paraguaçu Paulista, SP. onde deu continuidade ao trabalho de formação de músicos e, ainda em vida, no ano de 1984, pelo excelente trabalho ali desenvolvido, foi homenageado com a proposição de seu nome à banda musical da cidade, que passou a se chamar Lyra Maestro Roque Soares de Almeida, através de decreto municipal.

 

Foi uma figura impar, professor de música respeitável, arranjador e compositor. Destacou-se ainda como jogador de futebol, estando o seu nome ligado à história futebolística de sua terra natal. Autodidata, dedicou-se também à leitura e era bastante politizado. Sua composição, o dobrado “Pracinha de Bofete”, para homenagear o pracinha Benedito Araújo, alcançou grande repercussão a nível estadual; obteve o primeiro lugar no concurso musical promovido pela Rádio Bandeirantes (São Paulo), sendo elogiado pelos críticos.

 

Posteriormente, segundo Alcebíades de Camargo no livro “Bofete”, pág. 91, o dobrado tornou-se prefixo musical de destacado programa jornalístico da Rádio Eldorado de São Paulo, uma das principais emissoras da Capital. Outra obra, a polca “Viva o Comendador Biguá” foi gravada pela Bandinha de Altamiro Carrilho, do Rio de Janeiro. Deixou centenas de composições. Faleceu no dia 03/06/1992, em Paraguaçu Paulista,com 75 anos de idade, onde está sepultado. Foi casado com dona Eunice de Campos Almeida; deixou esposa, filhos e netos.

 

O principal time de futebol de Porangaba daquela época, o orgulho da terra, chamava-se Esporte Clube Porangabense, cuja história veio sempre intercalando fases de entusiasmo e de desânimo. A humilhante derrota para o clube São Bento de Sorocaba, em 1939, numa ousada proposição da diretoria, foi um fato desabonador e refletiu, negativamente, na sua própria história. Em resumo: perdemos pela contagem de 13 X 1 e o nosso único gol foi feito pelo Roque Soares de Almeida, de saudosa memória. O Roque passou para a história do futebol local, ao marcar o nosso único gol no jogo disputado em Sorocaba, no final dos anos 30 do século passado, quando fomos impiedosamente derrotados. O time daqui foi facilmente derrotado; até aí, nada de extraordinário, considerando a diferença de forças, categoria e a inibição natural dos jovens porangabenses; porém o goleiro do time sorocabano era nada mais, nada menos, que Oberdan Catani, (é o que contam por aqui), que tornar-se-ia um dos maiores nomes do futebol brasileiro, com destaque internacional. Foi aí que nós ganhamos e o Roque retornou como “o grande herói”, apesar da contagem…! Com o tempo, pela extraordinária ascensão profissional de Oberdan Catani o goleiro “vazado” do time sorocabano, o jogo tornou-se o mais importante do clube local. O São Bento era formado por jogadores renomados como: Bombacha, Pé de Ferro e tinha na meta, Oberdan. Era um dos melhores times do interior paulista. Pelo Porangabense jogaram: Silvestre, J.Pires, Dito Lobo, Camargo, João Coração, Firmino Fabiano, Eurides, Roque, Zé Pinga, Pedrão e Luiz de Paula.

 

Foto: “Maestro Roque Soares de Almeida”, acervo pessoal.

 

 

Júlio Manoel Domingues

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