Conheci o Maimone em Porangaba, apresentado pelo maestro Pingo, que foi um de seus professores e passei a admirá-lo pelo seu espírito jovial, sua cultura e seu elevado caráter. Como “oriundi”, foi um “ italiano” perfeito, emotivo e franco, falava o que tinha que falar e pronto, na “bucha” e não deixava prá depois. Ativo, sempre se preocupava com os seus semelhantes, defendia suas argumentações com muita altivez e garra. “Palestrino fanático”, encantava a todos pelos seus causos hilariantes. Avante Palestra, sempre, era o seu lema!
Conversávamos muitas vezes a respeito de nossa região, que ele muito amava; falávamos dos problemas existentes, dos avanços e retrocessos, das soluções que prevíamos e, principalmente, do futuro. A música sempre esteve em primeiro lugar, mas não esquecia dos amigos e da sua querida Conchas. Convivemos em São Paulo, onde ele muito me incentivou pelo trabalho publicado na Internet, o resgate da história de minha terra natal – o site www.porangabasuahistoria.com, que classificava como ferramenta importante à divulgação da historia local. Sua morte prematura foi muito sentida e lamentada e, certamente, pelo seu elevado espírito, ele seguramente está num lugar especial. Saudades, muitas saudades..!
Nasceu em 14 de julho de 1940 na cidade de Conchas, SP. Músico de primeira linha, aprimorou sempre os seus conhecimentos artísticos com maestros renomados, dentre os quais destacamos o maestro Pingo, na fase inicial, pelo qual tinha grande admiração e respeito. Apaixonado pela profissão, viajou durante 10 anos por 27 países da Europa, Ásia e América, divulgando sempre a música popular brasileira, primeiro como integrante do Conjunto Samba Blue. Ainda na Europa, depois de atuar em diversos eventos, o conjunto foi desfeito e sobraram os três amigos; Miguel Maimone, Clóvis e Sestini. Voltaram ao Brasil pelas mãos do empresario artístico Waldomiro Saad, já com o nome de “ Três do Rio”, em homenagem à cidade do Rio e Janeiro, o cartão postal do Brasil. O grupo se formou na Suiça. Miguel, que era o líder do grupo, tocava sax tenor, soprano, surdo eletrônico, contrabaixo, clarinete, trombone, requinta, flauta etc; Clóvis tocava teclado e outros instrumentos; Sestini era o baterista. Com o passar do tempo, Clóvis deixou o trio e entrou em seu lugar o Catu (Aderval Luiz Arvani), que era vocalista, tecladista e guitarrista. No Brasil o grupo atuou em bailes, programas televisivos, rádios e comerciais. O grande sucesso alcançado pode ser creditado à escolha de um repertório com som inovador e estílo próprio; o grupo ainda se destacou por outras criações musicais, quadros de humor e pela total descontração. Fizeram muito sucesso com o “ jingle” do extinto Banco Bamerindus com o bordão musicado “O tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa…!”. Além de atuar em campanhas publicitárias participou ainda de especiais na TV Gazeta, SBT e Cultura, mas foi na TV Bandeirantes e TV Globo que assinaram os primeiros contratos de exclusividade.
Voltado sempre à cultura, Maimone em 2010 lançou o livro “ O Colecionador de Conchas”, uma obra de arte, de estilo leve, um bálsamo àqueles que viveram na época dos fatos, um registro para a posteridade, textos que enaltecem seu amor pela terra natal. Miguel José Maimone vivia em São Paulo, no bairro de Interlagos, onde faleceu em 27 de junho de 2011, vítima de um infarto fulminante. Tinha 70 anos de idade e deixou a esposa Creusa, os filhos Cristiane, Daniela e Fabio, os netos Pietro e Giovanni. Foi sepultado no Cemitério de Conchas.
Foto: “Miguel José Maimone” em http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/miguel-jose-maimone-4802
Júlio Manoel Domingues
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