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16 de junho de 2012 - Mestre Toninho Cristovão e o “Ouvido Absoluto” !

Ouvido absoluto – é  a capacidade de perceber e dar nome a cada uma das notas que chega ao seu ouvido. E não estamos falando só de música: também vale sons vindos de buzina, chiados da natureza, vozes de animais, barulhos de máquinas… A explicação para esse dom não está no aparelho auditivo, mas na cabeça. Quem tem ouvido absoluto possui mais capacidade de receber e interpretar estímulos do lado esquerdo do cérebro, onde os sons são processados. “Neles, essa região é ainda mais ativa que em músicos”, diz Mauro Muszkat, neurologista da Unifesp. Uma em cada 10 mil pessoas tem essa habilidade, mas os especialistas não sabem explicar ao certo por que ela ocorre. Alguns acham que é uma característica herdada geneticamente. Outros, que é um talento desenvolvido com muita dedicação e treino. Há os que acreditam, ainda, que todos nós nascemos com essa habilidade, mas, se não a utilizamos, a perdemos. Apesar de se manifestar normalmente em músicos, leigos também podem ter ouvido absoluto. Nesse caso, as respostas são sensoriais: ele terá facilidade em armazenar e codificar tons e saberá instintivamente encontrar as notas em um instrumento, mesmo sem saber o nome delas. ( www.pianodetodos.blospot.com.br )

 

 

Antônio de Oliveira Pinto ( Toninho Cristovão ) foi  um “predestinado, dotado da exclusiva aptidão dos gênios musicais – o “ouvido absoluto”, que o diferenciou de todos os demais músicos porangabenses em todos os tempos”.  É o que diz o maestro Pingo. Foi o primeiro mestre de banda musical nascido em Porangaba. Filho de Manoel de Oliveira Pinto ( Manoel Cristovão ) e Claudina Maria da Conceição, nasceu em 09/12/1900. Pessoa modesta começou a trabalhar logo após concluir o curso primário, mas sempre achava tempo para  aprender música. Foi aprendiz de Mestre Chico, o inesquecível  maestro  negro que dirigiu a banda nos anos 20 do século passado. Tinha somente 15 anos de idade. Como a banda era desativada com freqüência, pela falta de instrutores, estudava sozinho; era  autodidata. Sua evolução foi surpreendente, principalmente quando tocou sob a regência de João Tonhã, outro importante maestro que aqui esteve para comandar a Banda Santo Antônio. Com sua saída, assumiu a regência da banda e se destacou como mestre e músico por mais de trinta anos.  Foi o mestre dedicado e formou mais de uma centena de músicos. Participou também de conjuntos musicais, de orquestras de baile, do coral da Igreja Católica como cantor e organista e, ainda, do grupo teatral da cidade. Foi o primeiro maestro da Corporação Musical Santa Cecília. Líder natural, discreto, corretíssimo, respeitado e estimado por todos. Convidado para tocar em outras bandas, noutras cidades, deixou Porangaba uma única vez, mesmo assim por pouco tempo, quando se transferiu para Tatuí e levou consigo o companheiro Janguinho. Retornaram um ano depois. Paralelamente, com a atividade de músico, trabalhou na lavoura, no comércio e no serviço público até sua aposentadoria. Foram seus alunos os maiores nomes da música porangabense, como os maestros e compositores: Cezarino Antunes Correa, Roque Soares de Almeida, André de Almeida Machado, José Carlos Rosa, o  instrumentista Pedro Nogueira Filho e  Lázaro Nogueira da Silva (Maestro Pingo). Tocava  diversos instrumentos de sopro, além de piano e órgão. Deixou poucas composições, pois preferia o ensino musical. Foi casado com  d. Malvina Proença. Faleceu em São Paulo em 16/10/1987. Deixou  2 (dois) filhos: Irineu e Carmen.

 

 

“Que delícia acompanhar a Banda Santo Antônio, comandada pelo Toninho,  pelas ruas da cidade até o coreto do jardim. Cada dobrado, cada marcha, a proporcionar tardes maravilhosas de alegria e prazer. A banda sempre atraía a atenção do povo; não somente pelo seu fascínio espontâneo como, também, para  transmitir muita alegria às festas porangabenses ”. (Urbano Miranda)

 

Sua paixão pelo futebol o transformava durante os jogos do Porangabense  num torcedor voluntarioso, com  tiradas hilariantes que passaram para a história do folclore esportivo local.  Ao criticar o árbitro, dentre outras expressões de protesto, bradava “juiz rafino”, tão comum na época, para chamá-lo de faccioso e imparcial. (Existia um morador do bairro das Partes que atuava como  juiz de futebol; era conhecido por Rafino, bastante folclórico e que sempre ajudava  o time da casa, daí a expressão! ).

 

 

Ao destacar a biografia do saudoso maestro Toninho Cristovão, procuramos preencher uma lacuna que existe no ensino da história local, possibilitando aos conterrâneos mais novos, que desconhecem a história de sua gente, tomar conhecimento da existência de um grupo de homens que aqui viveram, trabalharam, formaram suas famílias e sempre se dedicaram a fazer o bem e a servir a população. Foram destemidos, lutadores que engrandeceram a nossa gente. Na condição de filho da terra, tive o privilégio de conviver com muitos deles e rendo minhas sinceras homenagens.

 

Júlio Manoel Domingues


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