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7 de fevereiro de 2016 - O Correio em Porangaba

O correio foi implantado em São Paulo no ano de 1712, mas as primeiras linhas de correio público somente foram criadas em 1791 para Santos e  Rio de Janeiro. Em 1800 foram criadas as linhas para Itu, Paranaguá e São Sebastião. Em Tatuí os serviços de correio foram implantados em 1849 e no ano de 1858 foi criada a agência de Botucatu. Segundo Aureliano Leite, em História da Civilização Paulista, nota 43, pág. 106: “Remonta a 1711 a primeira tentativa para o estabelecimento de um serviço postal em São Paulo, mas só em 1735 foi oficialmente estabelecido um correio em Santos, destinado ao serviço marítimo. O correio terrestre começou a ser organizado em 1798, ano em que se decidiu que o correio marítimo passaria a funcionar de dois em dois meses”.

 

Para entender a evolução do “correio”, desde a implantação, nada melhor que os apontamentos do historiador Hernâni Donato referentes aos serviços em Botucatu e a relação com o nosso povoado. Como o bairro do Rio Feio ficava na rota postal entre as duas cidades (Tatuí/Botucatu), era o caminho mais utilizado pelos estafetas e mesmo não existindo aqui agência, passamos a usufruir indiretamente dos serviços. Naquela  época, no ano de 1866, as malas postais eram transportadas de dez em dez dias. “ a frequência das malas postais de  São Paulo – Botucatu – São Paulo era dia sim, dia não. Os estafetas ganhavam oitenta mil réis por mês  para fazer 10 viagens até Tatuí, cavalgando animais de sua propriedade. De Tatuí, as malas eram recambiadas para Sorocaba e desta para a Capital”. O escritor botucatuense Sebastião de Almeida Pinto destaca no livro “No Velho Botucatu” que: “até a chegada da Sorocabana ( estrada de ferro ), o que ocorreu em 20 de abril de 1889, os estafetas conduziam as malas postais, a cavalo, para o ponto mais próximo para embarque. Meu avô, o capitão José Paes de Almeida, pioneiro da terra, foi estafeta durante três anos. Conduzia as malas do correio para Tatuí, de onde eram levadas para Sorocaba e de lá para São Paulo. Dizia meu avô, que a viagem de ida e volta a Tatuí (via Conchas-Porangaba), durava três dias. Como se obrigara em fazer dez viagens mensais, o estafeta nunca podia dormir em casa…”.

 

Existiam dois roteiros de correio de Tatuí a Botucatu, um via Bofete (Samambaia) e outro via Conchas, ambos passando por Porangaba (Rio Feio). No último quarto do século 19 é que o bairro do Rio Feio passou a ter agente e estafetas. “A Carta Postal da Província de São Paulo, organizada pelo oficial João Baptista d’Alambary Palhares, em 1884, dá conta de que de Bacaetava, ultima estação ferroviária, as malas postais eram levadas a Tatuí, de onde se dividiam por 3 rotas. Umas delas, para Botucatu, passando por Rio Feio (Porangaba) e Rio Bonito (Bofete) ”. O que sabemos, com certeza, é que em 1885 já existia a agência do correio na freguesia da Bela Vista, conforme notícia inserida no jornal “Progresso de Tatuhy”, ao se referir à linha de Tatuí a Lençois, com 10 viagens mensais, no seguinte roteiro: Tatuí, Rio Feio, Rio Bonito, Botucatu, São Manuel, Aparecida e Lençois. Em 1897 a agência foi fechada temporariamente e em 1902 até chegou a ser desativada pela Administração dos Correios, mas, no ano seguinte, já funcionava e o agente era o italiano João Gorga. O trabalho dos estafetas era muito importante, pois o isolamento dos povoados pela falta de estradas e, principalmente, pela não passagem da ferrovia era, de tempo em tempo, alterado pela chegada do carteiro. A ansiedade e a satisfação dos moradores ao receber notícias e as  encomendas eram enormes, mas não diminuíam as árduas condições de trabalho que enfrentavam. As linhas postais, cobertas pelos estafetas, somente acabaram com a chegada das ferrovias, novas estradas e veículos de transporte mais modernos. No caso de Porangaba, a abertura de “estrada de rodagem” para Tatuí, via Cesário Lange, no início dos anos 40, foi fundamental para a normalização do transporte dos malotes.

 

Os Agentes foram: João Gorga (1898), Sebastião Fonseca, Eugênia Antunes (1922), Maria Nina Bertoni (esposa de Vicente Bertoni), Elisa L. de Miranda (Domingos Manoel de Miranda)(1928/1929), Adelaide Fernandes Rosa (1930/32), Paula de Miranda Bueno (João Bueno de Miranda), Iridenth de Souza Bueno (1966), Dilceu Ebúrneo (1969/73), Elvira (1973/76), Rita de Cássia da Paz Vieira (1976/78). A partir do ano de 1989, até 2001, o agente foi José Carlos de Oliveira (Pirulito). A agente atual é Rosana do Carmo Domingues Ferrari.

 

Estafetas: José Porfírio de Camargo (Cesário Lange), Joaquim Antunes de Almeida Júnior (Nhô Quim) com auxílio do filho Paulo Antunes do Amaral, Antônio Antunes da Silva, Luiz Carlos Vieira, Lázaro Carlos Vieira (Lazinho Diniz), João Telles, que transportavam os malotes a cavalo e a viagem durava, às vezes, dois dias, com pernoite no bairro Aleluia, na casa do sr. Chico Fonseca, cunhado do capitão Aureliano (Tatuí), ali estabelecido com venda e pousada. O Lazinho do Valêncio chegou a trabalhar como estafeta em situações emergenciais, na falta dos titulares.

 

Foto: “Brazil postage stamp: centenary” by Karen Horton at https://www.flickr.com/photos/karenhorton/6044167904

 

 

Júlio Manoel Domingues

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