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22 de agosto de 2013 - O Posto Policial e a Cadeia Pública (1880)

O  fluxo de pessoas, que passavam por aqui,  aumentou muito na medida  em que o povoado foi se formando. Eram   viajantes, forasteiros,  andantes,   aventureiros,etc., simplesmente passando ou com a intenção de se fixar nas imediações da capela.  Alguns  chegaram até a receber terrenos em doação para construir as suas moradias. A população começou, então, a crescer e surgiram os primeiros problemas de relacionamento. Os moradores e os que vinham das redondezas encontravam-se nas “vendas”, onde procuravam suprimentos e mantinham prosas para quebrar o isolamento em que viviam. Costumeiramente, excediam na bebida alcoólica e aconteciam desavenças que colocavam em risco a integridade física dos mesmos. Havia, na verdade, muito atraso e ignorância e por qualquer motivo as pessoas queriam mostrar  valentia, que não toleravam desaforos. Os problemas cresciam e as autoridades  passaram a se preocupar com a segurança pública e das próprias famílias.  Pleitearam, então, a criação do posto policial para manter a ordem e os bons costumes.

 

 

O primeiro posto policial (com a cadeia pública) foi instalado em 1880 na “rua de Cima”, antiga “rua da Igreja”, atual rua professor Antônio Freire de Souza, portanto há mais de cento e vinte e cinco anos. Foi criado, o distrito policial de Subdelegacia de Polícia, em 14/04/1880, pelo juiz de direito Ventura José de Freitas Albuquerque, chefe de polícia da Província  de São Paulo. O registro feito pelo padre José Gorga no Livro do Tombo indica que ficava num prédio alugado, próximo ao Largo de São Roque (atual praça Francisco Pássaro). O imóvel pertencia ao comerciante João Affonso Pereira e, provavelmente, localizava-se ao lado da casa onde viveu por muitos anos a querida e folclórica figura da Tirda, a avó do Marinho Sapateiro.

 

 

Com a criação do distrito policial, foram nomeados os  subdelegados e vieram, também, os primeiros policiais. O ambiente passou a ser calmo, mas,  nos fins de semana e dias santificados, todos  vinham à “praça” (como era chamado o povoado) e, nos encontros  sempre regados com  bebidas, cantorias, jogos, e, às vezes com a participação de “mulheres”, os ânimos se exaltavam e aconteciam brigas, desordens e até assassinatos. Com o policiamento ostensivo, as coisas mudaram, mas sempre apareciam  desordeiros e embriagados. A polícia trabalhava bastante nesses dias.

 

 

No ano de 1902, segundo nota no jornal Cidade de Tatuí, o português Manoel da Silva Cardoso, requeria o pagamento dos aluguéis atrasados do prédio da cadeia pública e não temos dados suficientes para saber se tratava do mesmo imóvel, se era o procurador ou o proprietário. Supõe-se que fosse uma casa próxima da Igreja Matriz, na esquina com a atual rua João Machado da Silva.

 

 

A partir de 1910, mais ou menos, a delegacia e a cadeia já funcionavam noutra casa  (existe até hoje), na mesma rua, entre as residências do sr. Acácio Domingues e do sr. Lázaro Nogueira da Silva (Maestro Pingo). O prédio ( na foto acima ) era alugado e pertencia ao comerciante Leopoldo Hermelino  Soares. Como curiosidade, além das duas celas e da sala do delegado, no fundo do prédio existiam acomodações para os soldados do destacamento. Em 1940, o prédio já pertencia ao sr. Luiz Angelini (Gijo).

 

 

Lembro-me, quando criança, em 1943,  mais ou menos, com  saudades,  do soldado Juvenal, um cearense educado e de fino trato, pois eu morava ao lado da cadeia e sempre encontrava  motivo para  visitá-lo. Era uma espécie de padrinho que intimamente escolhi, sendo ali tratado com muito agrado pelo respeitável militar que chegava a brincar com as crianças e nos ensinava  marchar.

 

 

Como curiosidade, na frente da “cadeia” existia o sino que era badalado, ao anoitecer,  para avisar  o horário de fechamento das casas comerciais. No início era tocado pelos próprios policiais e, tempo depois, o sineiro passou a ser um funcionário municipal. Lembramos do querido Paulino José da Rosa  (Paulo Telles) que martelava nos dias úteis, regularmente, às 8,00 horas da noite, sinalizando para o fechamento das lojas e armazéns.

 

 

A  propósito de Paulo Telles, era  pessoa boníssima,  músico da banda e sempre muito atencioso para com as crianças. Costumava brincar, dizendo  que “tinha  dinheiro na garganta” e, para provar, ao bater os dedos no pescoço, imitava o tilintar das moedas que escondia na mão, assombrando a molecada que sempre o rodeavam.  Quantas saudades…!

 

 

Em 1950, mais ou menos, a cadeia pública e a delegacia já funcionavam na rua 4 de Junho ( antiga rua do Comércio), no casarão que pertenceu ao sr. João Paes da Silva, (ainda existe; é uma casa comercial), ao lado da residência do sr. Júlio do Amaral Paes. Na primeira gestão do prefeito municipal Mário Antônio Nogueira foi instalada no prédio próprio, amplo e moderno, construído pelo Governo Estadual. Está  na mesma rua, na esquina, um pouco adiante da antiga cadeia. Hoje, o quartel do destacamento policial já  não funciona mais no prédio da delegacia de polícia; fica separado,  na Vila São Luiz.

 

 

Porangaba, antes de se tornar Distrito de Paz, foi Distrito Policial. A Força Pública, no início, e depois a  Polícia Militar do Estado de São Paulo marcam presença por aqui há mais de 125 anos, sempre merecendo o respeito da comunidade pelo importante papel que tiveram e ainda desempenham na manutenção da ordem e da segurança pública.

 

Júlio Manoel Domingues

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