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30 de março de 2016 - O Primeiro Automóvel em Porangaba

O automóvel, o revolucionário veículo inventado em 1893, mudou completamente o comportamento da sociedade  em todo mundo, quando os veículos autopropelidos tornaram-se acessíveis a uma parte privilegiada da  população. Os primeiros carros transitaram por aqui, certamente, após 1915, nas precárias estradas que existiam, assustando muita gente. O automóvel, logo que surgiu, tornou-se símbolo de poder e foi, aos poucos, sendo introduzido no interior do nosso imenso país, mesmo sem estradas, sem qualquer estrutura, regras de trânsito ( regulamentos), etc. Os primeiros que chegaram eram produtos importados de alto luxo e logo se tornaram objetos de ostentação e prestígio, mesmo sendo barulhentos, com manivela, magneto, câmbio de pedal, buzina estridente, etc. e ainda rodavam com o escapamento  aberto soltando  fumaça negra e espessa.

 

O primeiro cidadão que chegou motorizado na Bela Vista de Tatuí foi José (Zeca) Sommerhauzer, descendente de alemães, mas o primeiro morador que adquitriu um carro por aqui foi o cidadão Domingos Pereira da Silva (Domingos Fogueteiro), sogro do Euclides de Oliveira Pinto (Clídio), que comprou do próprio  Sommerhauzer.  Persistem dúvidas quanto à data exata; uns dizem que foi em 1919, outros garantem que foi após 1920 – Tratava-se de um automóvel Ford, modelo “Bigode”. Depois vieram outros carros adquiridos pelos animados porangabenses: o próprio José Sommerhauzer (que chegou a morar na Bela Vista) teve um Chevrolet (Cabeça de Cavalo); um outro do espanhol Dionísio Parga, do João Pedroso de Oliveira, do João Fogaça Leite, etc. Até hoje, entre os mais velhos, surgem conversas sobre a chegada do primeiro carro, pois foi enorme a curiosidade popular e, também, a  confusão. A “máquina”, como o carro era chamado, foi recebida com rojões e a população saiu às ruas para conhecer a novidade. O entusiasmo foi tão grande que o proprietário se viu obrigado a liberar o veículo para pequenos passeios, em percursos curtos, a todos que pagassem uma pequena quantia em dinheiro. Virou  atração, com as pessoas formando fila na ânsia de “dar uma volta”. Quando o carro se deslocava no povoado, passando pelos sítios e fazendas, a situação então era mais cômica, com os sitiantes completamente assustados com a “coisa”.  “Andar” de carro pelas empoeiradas ruas e esburacados caminhos, “na alucinante velocidade de 30 quilômetros por hora”, era algo incrível e maravilhoso, era a modernidade.

 

O cenário seria, mais ou menos, assim: a criançada correndo atrás, enquanto os espantados moradores saíam às portas e janelas para ver de perto o invento que tinha alterado a rotina da vila. Não foi privilégio daqui, aconteceu em toda parte, em todo mundo, na medida que o automóvel foi chegando, não tendo o homem, então, a mínima  idéia do que viria acontecer pela frente, no futuro.

 

A frota de veículos (caminhões e carros de passeio) no município de Porangaba, três anos após a sua emancipação política, em 1930, era representada pelos seguintes proprietários: Antônio Candido Ares (Ford), Agostinho Angelini (Chevrolet), Luiz Manoel Domingues (Chevrolet), Cesário Maurício (Ford), Dionísio Parga ( Chevrolet), Luiz Carlos Vieira (Ford), Octávio Hermelino Soares, João Manoel de Miranda (Chevrolet), Deolindo Ribeiro Leite, Juvenal Nunes Pereira, José Afonso Tricta (Dodge e Chevrolet), Luiz Sola Ares (Chevrolet), Luiz Angelini (caminhão), Francisco Pássaro (automóvel), Ezequiel Pires de Camargo (caminhão), Joaquim Pereira da Silva Júnior, Benedito Flores de Azevedo, Simão de Oliveira Vaz, José Teixeira Barbosa, Antônio Nunes Diniz e Augusto Diniz. A partir dos anos 30, mais ou menos,  já começavam a surgir carros nos sítios e fazendas e dentre os motoristas,  um nome merece  destaque especial – Antônio Nunes Diniz, Totó Osório,  com seu pequeno caminhão. Falam também em Zé Bahia, com seu caminhão, no bairro dos Lopes/Capuava.

 

Curiosidade:

 

1) A primeira carta de habilitação feminina para dirigir autos, expedida pela Delegacia de Polícia de Porangaba, foi em 08/09/1952 para a professora porangabense Noêmia do Amaral Camargo Barsanti, filha de João Paes da Silva e Noêmia Amaral Paes, conforme anotação no Livro de Registros de Motoristas -Delegacia de Polícia de Porangaba, Z.1  1948).

 

Foto: “Maple Lane” 1924 Ford Model T entry#309, de F.D. Richards em https://www.flickr.com/photos/50697352@N00/9706591381

 

 

Júlio Manoel Domingues

 

 

 

 

 

 

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