O artesão que fabrica ou conserta sapatos é o sapateiro. A sapataria lembra oficina, mestre, aprendiz, oficial, cortador, montador, ferramentas, couro, vaqueta, prego, sovela, sola, cola, molde, etc. Existia o sapateiro oficial e o dono da sapataria, o comerciante que, muitas vezes, nem profissional era. Antes, foi uma atividade mais artesanal; hoje, praticamente, com exceção dos grandes centros, existem sapateiros somente para pequenos consertos, pois a produção de calçados, a nível nacional, está totalmente industrializada. Atualmente, o calçado artesanal, costurado, feito a mão é caro e direcionado a uma clientela mais conservadora; tende, com o passar dos anos, a desaparecer do mercado pela diminuição dos artesãos qualificados.
Sapateiros de Porangaba - Segundo (Italiano), Higino Norde, Marcos, Pitiço (Italiano), Anselmo Bertoncini, Otávio Rodrigues de Almeida (Otávio dos Reis), Otoniel dos Reis, Albertino Rodrigues de Almeida, Agenor Antunes, Osias do Amaral Camargo, Cezarino A. Correa, Saulo Moraes, Jarbas Nogueira, Deoclécio Fonseca, Silverinho Nunes, Chiquito Pinto, Saulinho dos Reis, Pedrinho Bueno, Abel Amaral, Mário Correa (Marinho), Eugênio S. Almeida (Geninho), Jemini de Campos Pires, Paulo Pires, Carlos Felipe Santiago, Alcino Crispim, Renato Nogueira da Silva, Vitorino de Arruda, Ataide dos Reis, Zé do Tino, João Batista do Tino, Ezequias de Ávila (Quia), Zequinha Sapateiro, Rubinho Fonseca, Irineu de A. Machado, João (Bola) de Arruda, etc. Aprendizes que não deram continuidade a profissão:Pingo, Chico do Jorge Alves, Maurício Seraphim e Antônio Carlos Marcelino (Bodinho).
Dentre os nomes citados, quase todos tiveram a sua própria oficina, (grande ou pequena), com destaque para: Higino Norde, Otávio Rodrigues de Almeida, Otoniel dos Reis, AlbertinoRodrigues de Ameida, Cezarino Antunes Correa, Saulo Moraes, Agenor Antunes, Silverinho, Chiquito Pinto, Saulinho, Vitorino, Ezequias, etc. Donos de sapatarias: Domingos Martins ( foi a maior de todas e tinha muitos oficiais) e o saudoso Mizinha.
Não sei dizer o motivo, mas, na minha infância, eu vivia arrodeando as sapatarias, os artesãos e me lembro claramente do Otoniel, do Otávio, do Cezarino, do Silverinho, do Saulo, do Saulinho, do Alcino, do saudoso Marinho, do Geninho e do Chiquito Pinto sempre ativos nas oficinas de trabalho. Homens simples, trabalhadores, artistas e que certamente influíram na minha formação com alguns conselhos e reprimendas. No trabalho, conversavam pouco, mas muitas vezes contavam alguns “causos”. Circunspectos, manuseavam couros e vaquetas, moldavam, cortavam e costuravam. Eu, admirado, atentamente observava tudo; achava maravilhoso o mundo da sapataria, o inesquecível barulho da máquina de costura, o cheiro do couro cru e das vaquetas. Uns cantarolavam, outros assobiavam. Hoje, passado tanto tempo, sinto saudades de todos.
Foto: “In the Shoemaker Workshop” de Giacomo Francesco Cipper, século 17.
Júlio Manoel Domingues
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