A pesquisa histórica sempre traz surpresas. Porangaba já teve a Praça 26 de Dezembro. Você sabia? Onde ficava? Por que esse nome? Hoje, certamente, poucos conterrâneos responderiam e acho mesmo, até prova em contrário, que ninguém acertaria. Isso se deve ao desapego às tradições, à própria história da terra natal e a velocidade com que as coisas se sucedem e são esquecidas. Com clareza, não falamos de alienação, mas de desinteresse. Trata-se de um problema cultural que envolve a sociedade brasileira como um todo, que despreza a sua própria história. E por aqui não foi diferente. Vamos, portanto, resgatar a história local.
“26 de Dezembro” foi o nome dado à principal praça do povoado para perpetuar a data em que o “distrito de paz” se emancipou politicamente. Através da Lei Estadual nº 2244, de 26/12/1927 foi criado o município de Porangaba. O nome não persistiu por muito tempo e foi mudado para prefeito Joaquim da Costa Machado, considerando o trabalho desenvolvido por Quinzote Machado (como era conhecido) como prefeito nomeado à frente da municipalidade local, numa gestão relativamente curta, de 1931 a 1934, mas muito profícua. Foi uma decisão unânime das autoridades locais, apoiada pela população. Na realidade, foi o reconhecimento público de sua capacidade administrativa, para o governante que iniciou as modificações no formato urbano da “cidade”, começando pela “praça” que antes era simplesmente o “largo da matriz”. A história conta que após a Revolução de 1930, quando o cenário político nacional se modificou profundamente, aqui foi nomeada uma Junta Governativa para administrar o município, mas o mandato durou pouco e foi substituída com a nomeação do prefeito Joaquim da Costa Machado, cidadão indicado pelas suas elevadas qualidades morais e integridade. Natural de Guareí, filho de Rafael José Machado e Zeferina Costa, foi casado com Delfina da Costa Machado. Figura respeitável, católico, fazendeiro, comerciante, patriarca de tradicional família porangabense.
A nomeação de ruas, praças e logradouros públicos é um tema apaixonante que envolve o sentimento popular e sempre mostra a subjetividade das autoridades locais. É importante voltar no tempo e lembrar que o local, nas primeiras décadas do século passado, formava uma ampla área, defronte à igreja, onde eram realizados os acontecimentos importantes do distrito, como: pregões, festas cívicas, religiosas, reuniões de alunos e escoteiros das escolas reunidas e, também, armados os circos de cavalinhos, touradas, quermesses, etc. Era o único local no povoado para a realização de eventos, etc., mas não existia jardim e nem calçamento. Tudo era rústico e simples. Ali, concentravam-se também os carroceiros, carreiros e os serradores que movimentavam pesadas toras de madeira. Já, na segunda década do século passado, foi ali instalado, então, o primeiro coreto, onde a “banda musical”, apesar do desconforto, se apresentava. Hoje, somente restam saudades. Nos últimos anos, a administração municipal mostrou-se preocupada com a urbanização da cidade, daí a construção de obras tidas como modernas, (audaciosas ou futuristas, até certo ponto polêmicas), para embelezamento, onde se destaca, prioritariamente, “a praça principal”. As fotos mostram tudo… e, também, contam histórias !
Foto: “Solenidade no local de instalação da Praça 26 de Dezembro, anos 30″, acervo pessoal.
Júlio Manoel Domingues
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