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6 de dezembro de 2013 - Praxedes Januário de Campos (1890-1967)

Praxedes Januário de Campos nasceu em Tatuí em 10/07/1890. Seus pais: José Benedito Cortez ( Zé Morim ) e Felisbina de Campos Pinto. Descendente de escravos, foi artista de rara sensibilidade e,  pela sua aptidão inata, com vocação à música.  Com apenas onze anos de idade já era aprendiz na Banda Santa Cruz, tendo como  professor o maestro Bonifácio José da Rocha. Optou pela requinta ( a tão temida clarineta em mi bemol ), que marcou a sua caminhada  musical como exímio instrumentista. Com a saída do mestre, que se mudou para Botucatu, ele, em 1911 assumiu a regência da tradicional corporação, onde permaneceu ate 1935, conduzindo-a com qualidade artística e muito sucesso. Notícias publicadas no jornal  “O Progresso de Tatuí”, em edições diversas, a partir de 1925, já mostravam que o êxito do músico tatuiense ultrapassava os limites de sua terra natal. O artista passou a ser requisitado e, em 1935, uma comitiva da Banda da Força Pública do Estado de São Paulo veio a Tatuí com a missão especial de convencê-lo e, também, convidar outros músicos  da Banda Santa Cruz a se mudarem para São Paulo. Os irmãos Praxedes e Genésio empolgaram-se com a idéia, mas ficaram frustrados com a proibição imposta pela família.

 

 

O jornalista Maurício Loureiro Gama soube da história e escreveu o artigo “A Banda do Praxedes”, publicado no “O Progresso de Tatuí”, em 12/06/1936: “A banda de música do Praxedes era uma verdadeira  divindade  para a molecada serelepe. Ela explodia lá embaixo, na Rua Prudente de Morais, e vinha resfolegando que era uma gostosura, num dobrado colorido e barulhento que fazia tremer a cidade inteirinha. O Praxedes,  magrinho e esguio como a clarineta que tocava, ia ao lado da charanga, todo orgulhoso, ritmando o compasso… A Santa Cruz, naquele tempo, brilhava que nem metal de instrumental. Era bem um pouco da alma gostosa e macia da minha terrinha doçura… Saiu para formar a “Corporação Musical União Operária”,outro sucesso que acompanhava os bons tempos das  tecelagens locais. Mas já não era o único na arte da regência no município. As bandas, sobretudo com nomes de santos, proliferavam tanto quanto as orquestras de bailes e do cinema mudo”.

 

 

Dirigiu ainda outras bandas da região: Corporação Musical São Francisco de Assis de Capela do Alto; Corporação Musical Nossa Senhora das Dores de Araçoiaba da Serra;  Banda Carlos Gomes de Cesário Lange; Corporação Musical São José de Cerquilho ( 1958 ) e, finalmente,  a Corporação Musical Santa Cecília de Porangaba no período de 1960 a 1963.

 

 

Em Porangaba, ele veio para dar continuidade ao trabalho iniciado pelo saudoso  maestro Roque Soares de Almeida. Experiente, manteve a unidade e a qualidade musical da banda.  Exigente, disciplinador, foi também um músico eclético. Compositor, deixou inúmeras obras musicais como dobrados, valsas, maxixes, etc.; ao todo mais de quatrocentas composições, cuja maioria perdeu-se com tempo. Além de músico, foi pedreiro de profissão. Antes de falecer, recebeu  justa homenagem da Associação Cultural “Pró – Música” de Tatuí,  em 11/07/1963, por ocasião do “Dia do Mestre de Banda”, durante o concerto da Banda São Jorge”, regida pelo maestro José Coelho de Almeida. Na época, mesmo com a saúde debilitada,  num ingente esforço, escreveu um dobrado em homenagem ao ilustre  professor porangabense Francisco Pássaro, obra que não conseguiu concluir, mas que foi terminada pelo seu irmão Genésio.  Faleceu em Tatuí no dia 26/03/1967, vitimado por bronquite asmática. Foi casado com dona Luiza de Oliveira e deixou os filhos José, Tereza, Regina, Maria de Jesus ( Cotinha ) e Paulo. Tinha 76 anos de idade e foi sepultado no Cemitério de Tatuí. (Fontes: Dissertação de Mestrado, Paulo Afonso Estanislau – Jornal “Progresso de Tatuí”,  agosto 2010. Foto: Acervo do Jornal “Aliança” de Cesário Lange).

 

Júlio Manoel Domingues

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