Jornalista, historiador e um amigo de verdade! Por razões sentimentais e, principalmente, pelo fato de aqui ter nascido, logo, que me aposentei, entendi que tinha chegado o momento de resgatar a historia de minha terra. O que sabia, tinha ouvido na infância, ensinado pelos professores no grupo escolar e pelos parentes mais chegados, nada mais! Portanto, inúmeras perguntas ainda fervilhavam na minha cabeça e já tinha passado mais de meio século desde a oitiva citada. Pouco eu conhecia da saga cabocla. Precisava descobrir, comprovar, dissipar dúvidas e deixar escrito o que aqui aconteceu para que não se perdesse no tempo. Desde o início, previ dificuldades a enfrentar, entraves burocráticos e sabia que tudo, o que eu precisava, somente encontraria em Tatuí – a cidade mãe. A razão era muito simples, nunca tivemos por aqui arquivos, museus ou bibliotecas para um levantamento mais profundo. Então, busquei a ajuda dos historiadores da região e, tive a grata surpresa de conhecer em Tatuí o Renato Ferreira de Camargo que me recebeu com muita consideração. Entendeu, prontamente, o sentido da investigação que eu pretendia fazer e, prontamente, franqueou o seu acervo para o desenvolvimento do trabalho. Foi fundamental o seu apoio, pois ali, praticamente, encontrei tudo que precisava. Acrescente-se, também, a dedicação desse extraordinário pesquisador, pois foram mais de dez anos de atenção, através de um contato ininterrupto, enquanto me passava informações consistentes, vasta documentação cartorial, resumos, publicações de jornais antigos, certidões, livros e outros informes que fundamentam a história da Bella Vista Tahtuy. Graças a sua ajuda e incentivo, consegui montar e publicar na Internet um trabalho exclusivo, diferenciado e recheado de dados sobre a história de Porangaba, que teve grande repercussão. Obrigado Renato !
Hoje, fui surpreendido pela notícia de sua morte. Confesso que foi difícil aceitar, pois mesmo sabendo de sua enfermidade, não via nele nenhum esmorecimento, mas muita fé, vontade de viver e divulgar as coisas de Tatuí e região. Sempre falava com alegria e entusiasmo de seus planos e projetos futuros, mas sabemos que Deus Pai, na sua infinita bondade e onipresença, é que define os caminhos. Chegou a sua hora, missão cumprida. Perdemos o grande amigo. Toda região tatuiense chora, pois o nosso maior historiador nos deixou. A “Cidade Ternura” está triste. Nossas condolências aos familiares. ( Porangaba, 20 de dezembro, 2012).
O jornalista e historiador tatuiense Renato Ferreira de Camargo faleceu no dia 20/11/12, na sua cidade natal, vitimado por câncer. Tinha 73 anos e foi sepultado no Cemitério “Cristo Rei” daquela cidade. Filho de Francisco Rosendo de Camargo e de dona Georgina Ferreira de Camargo, foi casado com a professora Eunice Pereira de Camargo (já falecida). O casal teve dois filhos, Christian Pereira de Camargo e Renato Pereira de Camargo. Era bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Fundação “Karnig Bazarian”, de Itapetininga (1977-1980) e Bacharel em Comunicação Social – habilitação em jornalismo pela UNISO (Universidade de Sorocaba) (1998-2001). Em 1997, tornou-se membro da Associação Sorocabana de Letras, como sócio-correspondente. Atuou ainda como memorialista e pesquisador da história de Tatuí. Foi sócio fundador do IHGGI (Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga), tendo Venâncio Ayres como patrono de sua cadeira. Pesquisador emérito, teve suas pesquisas publicadas no livro “Perseverança III e Sorocaba”, de autoria de José Aleixo Irmão, Volumes IV, ( Educação, Ciência e Cultura) da Unesco – Núcleo Caipira de Estudos de Sorocaba e Região. Autor de várias obras, entre elas: “Memórias de Tatuí” (1997), “Achegas para a História Tatuiense” (1999) e “Almanach Tatuhyense de 1900” (reedição), “Tatuí; Antiga Tatuhy – Coletânea de Fotos” e “História dos Crentes Primitivos da Congregação Cristã no Brasil”. Lançou ainda os livros “Ilustres Cidadãos”, “Tatuí, Capital da Música” e Cronologia Tatuhyense”, ao lado do filho Christian Pereira de Camargo. Foi sócio do IHGGS (Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba). Produziu o CD “Alma Cabocla”, com poemas de Paulo Setúbal, na voz do professor Paulo Ribeiro. Com seu falecimento, deixa uma vaga na Loja Maçônica Caridade III, onde ingressou em 1976, sendo o presidente na gestão 1983-1985. Foi também membro fundador e presidente da Loja Maçônica União Fraterna de Tatuí e membro honorário da Loja Maçônica Firmeza, de Itapetininga. Portou o mérito “Gonçalves Ledo”, a mais alta condecoração da maçonaria paulista, pelos serviços prestados ao Grande Oriente Paulista e recebeu também o título de “Grande Inspetor Geral do Grau 33”. Em 1998, recebeu o título de “cidadão emérito” da Câmara Municipal de Tatuí. Ocupou o cargo de escoteiro chefe do Grupo Tupancy e esteve entre os fundadores do grupo Alcoólicos Anônimos de Tatuí, na Casa Pio X, com apoio do monsenhor Teotônio dos Reis e Cunha. Foi membro de entidades filantrópicas da cidade, como Cosc (Conselho Social da Comunidade), Lar “Donato Flores” e Santa Casa de Misericórdia. Além disso, era membro do Rotary Clube de Tatuí Cidade Ternura. Foi colaborador durante anos do jornal “O Progresso de Tatuí”, onde escrevia a coluna semanal “Memórias de Tatuí”. Em 2011 e 2012, o historiador forneceu informações importantes para a elaboração do caderno especial “90 Anos de Progresso”, em comemoração ao aniversário do jornal.
Júlio Manoel Domingues
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