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29 de setembro de 2012 - Você sabia que Porangaba já foi mar ?

A construção da Usina de Sobradinho, na Bahia, em 1979,  gerou grande impacto social que virou letra de música feita por Sá e Guarabira – “O sertão vai virar mar/ Dá no coração? O medo que algum dia/ O mar também vire sertão” – dizia o refrão. A letra chamava a atenção e até permitia divagar, mas aqui, hoje, sem nenhuma correlação e preocupação, podemos afirmar que em Porangaba o mar já virou sertão há milhões e milhões de anos atrás … pelas alterações da crosta terrestre e a movimentação dos continentes.  As provas estão aí e são abundantes.

 

 

Quando comentam que as terras de Porangaba já foram cobertas por água, há muito tempo, parece que querem criar uma grande confusão nas cabeças das pessoas, mas é, simplesmente, a verdade. Faz tempo, muito tempo, muitos milhões de anos, mas aconteceu. Os estudos científicos, além de ratificar a tese, confirmam o que o naturalista belga Auguste Collon escreveu em 1897. Ele aqui esteve fazendo estudos e ao descrever o solo, além de destacar a formação vulcânica do morro de Bofete, relatou ter achado restos de árvores fósseis e traços de peixes com brânquias em forma de lâminas e, ainda, fósseis  (conchas, mariscos e restos de madeiras ) numa altitude de 575 metros, no bairro da Serrinha. Na época, para muitos, principalmente no meio acadêmico, as suas conclusões foram recebidas com certo ceticismo, mas já era a verdade científica que aflorava. Hoje, sabemos que a área atual do município situa-se na zona fisiográfica de Piracicaba, entre as bacias dos rios Tietê e Paranapanema e a altitude média é de 550m acima do nível do mar. O solo não é uniforme e apresenta áreas variadas de terra arenosa branca, com faixas de terras avermelhadas, outras ricas em pedregulho, pedras diversas e lajes, etc. Com profundidade variável, o subsolo apresenta formações calcárias, indicando que, em passado remoto, na sua história geológica, o local esteve submerso ou sofreu a ação do rebaixamento e elevação do solo. Então, aqui já foi mar? Coberto por água salgada? Houve tanta movimentação da terra? Existem inúmeras publicações científicas, recentes, que são provas irrefutáveis.

 

 

“Mais de cem fósseis de moluscos marinhos, com cerca de 250 milhões de anos, foram descobertos na região de Porangaba, no interior paulista, pela equipe do professor de Paleontologia, Marcelo Simões Guimarães, do Departamento de Zoologia, do Instituto de Biociências (IB), da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Medindo de 5 a 10 centímetros, os fósseis foram encontrados em escavações feitas entre os quilômetros 160 e 165 da Rodovia Castelo Branco, que liga a Capital ao Interior do Estado. O local é o mais distante do atual litoral paulista, onde até já foram descobertos fósseis de invertebrados marinhos. Outras espécies de moluscos semelhantes foram localizadas há alguns anos na região de Rio Claro e Conchas, também no interior de São Paulo. O aspecto mais importante da descoberta de Simões é que as mesmas espécies de moluscos identificadas próximo à rodovia ocorrem em rochas de idades equivalentes na África do Sul e na Namíbia, no Continente Africano. Os achados constituem mais uma evidência a favor da teoria da tectônica de placas, segundo a qual, os continentes – África e América do Sul, formariam uma massa única, parte do chamado supercontinente do Gondwana. Reforça ainda a tese segundo a qual São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estavam cobertos pelo mar 250 milhões de anos”.  ( www.radiobras.gov.br)

 

 

A configuração do continente daquela época era muito distinta da atual, pois ambos os blocos, América e África, estavam ainda unidos. Segundo o cientista, as rochas sedimentares e os fósseis de organismos – invertebrados, vertebrados e vegetais - que viveram naquele antigo mar, ocorrem em diversas áreas do Estado de São Paulo, entre elas cidades da região centro-oeste, onde foram achados os fósseis dos moluscos marinhos.

“Esses estudos representam um passo importante para entender a correlação que existia então entre o Brasil e o continente africano – por exemplo, saber o período em que houve a separação e por quanto tempo eles se mantiveram unidos”, afirma Simões. O professor acrescenta que a descoberta dos fósseis no interior de São Paulo será muito importante também para a reconstituição de todo o ecossistema daquele período, com informações  sobre   a profundidade do mar, cadeia alimentar, índice de salinidade, relações entre as espécies e o processo de evolução e extinção dos animais”.(www.galileu.globo.com)

 

 

Portanto, os continentes  se movimentam e o fenômeno chama-se Deriva Continental.  Eles têm se unido e separado mais de uma vez; a última vez que se uniram foi no início do período Triássico, há 250 milhões de anos. Muitas evidências geológicas comprovam, mas os argumentos mais fortes se apóiam na localização e distribuição dos fósseis. Alguns grupos de répteis terrestres extintos são encontrados unicamente na América do Norte e na Europa, e outros, exclusivamente, na América do Sul e na África, o que só pode ser explicado pela deriva continental. O movimento é muito lento e continua em nossos dias. Se Colombo chegasse hoje a América, a encontraria 30 metros mais longe do que em 1492.

 

Júlio Manoel Domingues

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